Dedicado
a Ron Fugelseth
Minha
mente está divagando, entre a realidade e a irrealidade. Tento focar no aqui e
no agora, mas já perdi o foco.
Olho para
o planeta Terra e algo está vindo em minha direção de lá, penso estar
imaginando coisa, mas não, algo realmente está vindo de lá em minha direção.
Parece pequeno, mas vai aumentando de tamanho conforme se aproxima mais e mais.
É um trem, ou melhor, é um trem com um enorme rosto na frente. É a porra de um
trem vivo!
- Está
perdido? – pergunta o trem se aproximando de mim.
- Vamos
dizer que sim – eu digo – quem diabos é você?
- Eu sou
Stanley – diz ele – um trem que viaja pelo espaço.
- Você ta
de sacanagem!
- Não –
diz Stanley com a maior naturalidade possível – viajo por aí, entre os
planetas.
- Sério –
eu digo – pode me dar uma carona até a Terra?
- Claro –
ele diz – sobe aí!
- Eu
entro no Stanley, não tem nenhum maquinista.
Ele
começa a viajar muito rápido, as estrelas começam a virar riscos luminosos
diante de mim e eu percebo que ele está indo na direção oposta do planeta
Terra. Quando finalmente penso que posso estar salvo, percebo que ele está me
afastando cada vez mais de onde eu quero estar.
- Onde
você quer estar e onde você precisa estar são lugares diferentes!
Eu acordo
do meu transe e estou cercado de fumaça, alguém está fumando maconha e não
consigo respirar direito.
Spock
está fumando um beck!
- A
lógica não funciona aqui – ele diz – você precisa esquecer a lógica e deixar o
desespero tomar conta de você.
- Por
quê? – não consigo entender mais onde estou.
- Se não
se entregar aos seus sentimentos eles vão consumir sua alma ao ponto de não entender
mais quem você é e o que você quer.
- Eu
quero viver!
- Viver é
relativo – ele para, traga a fumaça e respira fundo – você pode viver e estar
morto, mas pode morrer e continuar vivo, depende do ponto de vista.
- O gato
de Schrödinger?
- Não seja
tolo – ele levanta a sobrancelha – o gato de Schrödinger não é a resposta, o
que importa é o aqui e o agora.
Volto a
mim com as palavras do Spock.
“O que
importa é o aqui e o agora”
Consigo
retomar minha consciência, quase perdi o controle sobre minhas faculdades
mentais. Poderia ter terminado minha jornada na loucura, mas preferi estar são.
Tenho que
terminar com tudo são, tenho que estar consciente nos meus momentos finais.
Ainda não sei porque, mas preciso morrer com minha mente viva.
Gustavo
Campello
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