quarta-feira, 22 de julho de 2015

ME LEVE PARA LONGE (CINCO ANOS - BALANÇO GERAL)


Para Cristine

Hoje faz cinco anos que lancei minha primeira crônica (Meu Tio é um Bundão), lembro que eu estava em Sorocaba e era lá pra meia noite e meia. Havia acabado de voltar da casa do meu primo, foi a última vez em que eu estive lá, comendo pizza, bebendo vinho e jogando vídeo game com ele, pela primeira vez na vida não havia perdido no futebol, tinha conseguido um empate. Voltei pra casa meio alto, meu sobrinho (com seus oito anos) me enchendo o saco, resolvi escrever uma crônica e postar no blog (que já tinha sido criado, mas não tinha crônicas ainda), peguei o notebook da minha namorada que me incentivava muito a escrever, assim surgiu As Crônicasde Scaglia, uma série com mais de 70 crônicas que eram bem autobiográficas.

Então muita coisa aconteceu nesse meio tempo, uma era de trevas, o fundo do poço, nem sei como comentar, mas este é um post pessoal, é um balanço 100% real. Meu primo, que em muitos momentos era mais meu irmão que minhas irmãs, faleceu em menos de cinco meses depois da primeira crônica, meu namoro terminou na mesma época, de volta as bebedeiras constantes minha vida não parecia sair do lugar. Tá tudo aí, nas crônicas, é só ter um olho clínico que tu acha as coisas por que passei.

Então resolvi virar a mesa, a morte do meu primo havia me mudado de alguma maneira, enterrou toda a raiva, frustração, ódio, negatividade e mais tantas coisas com ele, lógico que só depois de muita terapia com o Dr. Oswaldo. Nunca parei de escrever, persisti escrevendo, terminei o livro (ainda não publicado) e as crônicas continuaram. Retomei minha relação com a minha filha, que é e sempre foi a coisa mais importante pra mim (pra quem dedico essa crônica). Não acho que ela lê o blog, mas a ideia é que um dia ela leia e possa me conhecer melhor. Eu trocaria qualquer pessoa por ela: pai, mãe, irmã, primo, cachorro, namorada... enfim, e é por isto que eu chamo ela de filha. Nossa relação pode ser das mais esquisitas para os olhos dos outros, morando distantes, ficado tanto tempo sem nos ver, e tantas outras coisas, mas é uma relação forte. Busquei ela esta semana de um intercâmbio na Alemanha, dez meses lá fora neste mundão, cada vez mais eu tenho muito orgulho dela e não consigo imaginar minha vida sem a ter conhecido. Queria poder fazer muito mais do que faço. Ela, por si só, já faz os últimos cinco anos terem mais ganhos que perdas. Uma das minhas crônicas favoritas é a (Ausente), que escrevi pra ela e provavelmente ela nem saiba ainda.

Mais recentemente teve o câncer da minha irmã e continuei escrevendo. Namoro problemático e continuei escrevendo. Meu cachorro que ilustrou o conto (NovaVida, Novo Começo) ficou muito doente e depois de um intenso tratamento que me zerou os bolsos fugiu na mesma semana que minha irmã operava, tentei desesperadamente encontra-lo, postei fotos pelas ruas, mas até hoje nada dele aparecer, mas continuei escrevendo. Depois de doze anos tentando me formar, tirei o diploma, sem deixar de escrever. Enfim, escrever tem sido minha vida, mas eu tava com uma vontade louca de encerrar o blog hoje (mas mudei de ideia).

Veio a promoção 5 anos 5 livros que realizei aqui e foi a maior frustração de todos esses cinco anos de blog, ver o tão pouco de pessoas que participavam me broxou (Porra! Era livro de GRAÇA, era só compartilhar, mas ninguém compartilhava), teve um sorteio entre cinco pessoas mais ou menos (Bem sugestivo: 5 anos 5 livros 5 participantes, patético). Pela primeira vez deu vontade de parar com tudo, desencanar do blog, desencanar de escrever, porque ninguém vai ler mesmo. Na verdade, acho que ninguém nem chegou até aqui. Mas não vou parar com o blog, decidi não escrever pra ninguém, nem pra mim, vou escrever pra registrar o que eu penso, quem eu sou, como eu vejo o mundo, pra se um dia, seja minha filha, minha namorada, meus sobrinhos, amigos ou quem quer que seja resolver querer saber algo sobre mim, bem, está tudo aqui, é só ler, explícito ou nas entrelinhas, 100%, um enorme quebra cabeças que se chama Gustavo Campello. Escrevo pra família, seja ela de sangue ou não, porque é tudo o que temos (talvez pra família de sangue bem menos).

Obrigado a todos que leram, e se tu leu até aqui, escreva “Idiota” nos comentários, não seja tímido. ;)

Gustavo Campello

quarta-feira, 8 de julho de 2015

AH, ORDINÁRIO!



É engraçado como a gente cresce e nem percebe.

Nestas últimas semanas percebi, depois do Zeca Camargo dizendo que é preciso ouvir mais Cazuza e Michael Jackson do que sertanejo, e mais recentemente, a repórter Monica Iozzi veio dizer a mesma coisa sem mencionar o Michael Jackson. Esta é a mentalidade de um adolescente chato pra caralho de quinze anos que quer ditar regras, que quer se afirmar dizendo que o que ele lê, ouve e assiste faz dele melhor do que você.

Graças a Deus eu cresci, imagina chegar com a idade do Zeca Camargo e da Monica Iozzi assim? Credo!

Quando tinha meus quinze anos ouvia rock, e me achava o tal: Metallica, Nirvana, Soundgarden, Alice in Chains, Aerosmith, R.E.M. e tantas outras bandas tocavam no aparelho de som sem parar para desespero de meus pais e irmãs. Vestia-me de preto e xingava pagodeiro, falava que eram ignorantes, que isso ou aquilo. Típico adolescente chato querendo se impor pra um mundo que não dá a mínima.

Daí com dezessete anos descobri algumas coisas diferentes: Nina Simone, Frank Sinatra, Bobby Darin, Johnny Cash, David Bowie, Lou Reed, David J. e vários outros que saíam um pouco do o rock pesado e criavam coisas misturando jazz, blues, soul, country e outras coisas. Continuava achando pagodeiro idiota, mas falava menos, me importava menos, tentava impor menos meus gostos pra um mundo que eu percebia cada vez mais que tava se lixando.

Hoje, com trinta e quatro anos, percebi que já faz um bom tempo que deixei de lado aquela coisa adolescente de só ouvir música estrangeira e descobri várias outras coisas ao longo dos anos que passaram tão rápido: Almir Sater, Ney Matogrosso, Cartola, Tom Zé e tantos outros. Continuo não gostando de pagode, não curto funk, também não me desce o sertanejo comercial (prefiro o de raiz pouco divulgado nas mídias). Daí morreu um sertanejo que eu não conhecia (é, to falando do Cristiano Araújo) e parece que todo mundo resolveu cagar regra.

“Mais Cazuza, menos Cristiano Araújo”

“Mais Michael Jackson, menos sertanejo”

Oras, apesar do meu gosto musical ser extremamente eclético, nunca me desceu Cazuza, nem Michael Jackson, e agora? Porque ainda não me desce pagode e sertanejo vou começar a dizer por aí que é preciso ouvir mais Tom Zé e Cartola? Isso é demagogia barata, cresci e continuo ouvindo Nirvana, mas parei de ouvir só Nirvana. Cresci e agora escuto Cartola, mas não escuto só Cartola. Acho que todo mundo pode e deve escutar aquilo que quiser, o que agrada seu ouvido, o que der na telha. Se alguém quiser vir comparar Cristiano Araújo com meu David Bowie (Afinal de contas não foi o Paulo Coelho que veio se comparar com o James Joyce?), aí a conversa é outra, mas eu já estou velho demais pra essas discussões.

Não vou entrar em discussões sobre aquilo que a mídia insiste em te colocar dentro de determinados padrões, porque não é assim só com música, é assim com cinema, literatura e várias outras coisas. A discussão é extensa, mas se a pessoa quiser ouvir funk, ler Guerra dos Tronos, assistir Velozes e Furiosos e se achar o máximo, bem, o problema é da pessoa e ninguém tem nada haver com isso. Amadureci, não da pra dizer o mesmo do Zeca Camargo e companhia. To fora de discussões extensas deste tipo!

Gustavo Campello
Fingindo que não entrou na discussão e se sentindo maduro

sexta-feira, 3 de julho de 2015

PROMOÇÃO 5 ANOS 5 LIVROS (ENTRE A NEVE E O DESERTO)



Quinto e último livro da promoção de cinco anos do blog, onde em cada mês irei sortear um livro até julho, quando o blog efetivamente faz aniversário. Neste mês temos como quinto livro sorteado ENTRE A NEVE E O DESERTO da escritora gaúcha Gisela Rodriguez, que apesar de termos nos visto poucas vezes posso chamá-la de amiga (e uma das pouquíssimas pessoas que já leu meu romance ainda não publicado). O livro tem um valor pessoal muito grande pra mim, e foi por isto que escolhi ele pra fechar com chave de ouro a promoção, conta a história de Gabriel, que perdeu o seu primo. Lembro que quando perdi meu primo, que era como um irmão pra mim, e fui contar pra Gica, ela já estava no meio do livro, é uma dessas coisas misteriosas do universo que convergem as pessoas. O livro da editora Libretos tem 248 páginas, espero que o(a) ganhador(a) goste, pois é um dos meus preferidos!

Entre a Neve e o Deserto - Três jovens mergulham em uma trip literária e existencial. Procuram desenvolver a criatividade através das drogas. Em uma vida nômade, tendo como bússola os textos de seus heróis. Os escritores malditos. No entanto, um trágico desfecho transforma o mundo do protagonista. De volta à sua terra natal, Gabriel deverá reinventar o seu caminho em uma realidade da qual nunca quis fazer parte. Entre a neve e o deserto une aventure e existencialismo. Rock e crítica social, sonhos adolescentes e dilemas reais de personagens inadaptados à rotina convencional.

A promoção é fácil, pra participar tem que estar curtindo nossa página no Facebook clicando AQUI!, depois de curtir nossa página no Facebook é só compartilhar publicamente o banner igual ao da foto aí de cima e pronto, você automaticamente está participando do sorteio. Boa Sorte!