quarta-feira, 27 de maio de 2015

SHERYL CROW



O próximo show já ia começar, Vitor chegou bem próximo da grade, só tinha umas garotas na sua frente. Sheryl Crow era a próxima atração, Vitor não tinha o perfil de que curtia este tipo de som, mas gostava bastante da cantora, tinha os CD’s Sheryl Crow (1996) e o The Globe Sessions (1998) e ela foi responsável pelo interesse de Vitor em cantores country como Johnny Cash, Willie Nelson ou Kris Kristofferson.

Ela entrou cantando A Change Would Do You Good do álbum de 1996, era ainda mais bonita pessoalmente. Um carioca com sotaque carregado começou a gritar:

- Gostosa, vem aqui que eu quero te comer!

O cara estava atrás de Vitor e não parava, atrapalhando o show de todo mundo, as garotas na frente de Vitor também olhavam pra trás irritadas. Era aquele tipo de público que foi no Rock In Rio III só pra dizer que foi, não tinha a mínima noção de quem estava tocando nos palcos desde o começo do dia.

Quando Sheryl Crow começou a segunda música All I Wanna Do, o cara até deu um sossego, devia conhecer a música das rádios, então deve ter parado pra ouvir. Vitor estava bem próximo dela, pode ver o show perfeitamente. Quando começou a cantar Leaving Las Vegas o cara voltou a gritar.

- Vem aqui que eu te quero, sua gostosa!

- Calaboca! – disse uma das garotas.

- Gostosa pra caralho! Vem aqui que vou te foder! – o cara ignorou a garota e continuou gritando. Vitor já estava perdendo a paciência.

Foi na quarta música, enquanto ela cantava It Don’t Hurt que Vitor se cansou de vez, enfiou o cotovelo com toda a força no estômago do sujeito, meteu o calcanhar com o coturno nos dedos do pé dele e acertou a parte de trás da sua cabeça no nariz do idiota. O cara nem viu o que o atingiu, foi bem rápido, antes que conseguisse estancar o sangue do nariz já estava sendo levado pra trás por uma falange de pessoas. Vitor tinha conseguido uma semi-briga em um show da Sheryl Crow, estava orgulhoso, enquanto isso ela cantava.

It Don't Hurt Like It Did
I Can Sing My Song Again
It Don't Hurt Like It Did
I Can Sing My Song Again

O show continuou sem nenhum imprevisto, ela cantou mais sete músicas, incluindo um cover do Guns N’ Roses, até encerrar com There Goes The Neighborhood. As garotas que estavam na frente de Vitor saíram depois do show e ele conseguiu chegar na grade. A grade, o grande trunfo do dia para assistir o maior show da noite, o grande motivo para ter feito Vitor ir até o Rock In Rio III. Ele segurou com as duas mãos e ninguém no mundo poderia tirar ele dali naquele momento.

Olhou pra trás e viu toda aquela multidão.

- Mordam-se de inveja seus putos, eu to na frente de todos vocês – pensou – o cara do seu lado sorria e devia pensar a mesma coisa.

Gustavo Campello

quarta-feira, 20 de maio de 2015

...ATÉ MAIS, E OBRIGADO PELAS NOITES DE INSÔNIA!



Pode parecer um texto de modinha, pode parecer um texto pra entrar na onda, mas não é... Eu realmente curtia o David Letterman. Não assistia a seu programa faz anos, já que não tenho televisão em casa desde 2007, mas me lembro que em 2004 até 2007 (quando eu tinha TV a cabo) ele me salvou de inúmeras noites de insônia e era um dos poucos programas que acompanhava na TV já naquela época. Hoje (dia 20 de Maio de 2015) chegou ao fim um programa que estava ao ar por 33 anos na televisão americana e por mais que os brasileiros não tenham sentido nada em sua maioria, me veio uma tristeza difícil de explicar.

Por quê?

Nos meus últimos oito anos de vida tenho vivido a vida sem televisão, não tenho televisão em casa e não tem me feito falta nenhuma. Faço download de filmes da internet e quase não assisto mais séries, fiz a assinatura do Netflix e ainda usufruo o meu mês grátis que não pretendo levar adiante. Quando fiquei sabendo da aposentadoria do David Letterman, não acreditei, achei que era golpe publicitário (o que me faz voltar àqueles anos que acompanhava o programa e me lembro do enorme golpe publicitário da entrevista com a Oprah). Era verdade. David Letterman estava mesmo se aposentando, o que me fez pensar: as duas únicas coisas que realmente me fazem falta da televisão daquela época eram, os programas com o David Letterman e o Aqua Teen que passava no Adult Swin do Cartoon Network.

David Letterman era um apresentador diferente (que por mais que o Jô Soares tenha tentado copiar, nunca chegou aos pés), diferente porque parecia estar se lixando se parecia tosco, se parecia indiferente ou completamente anárquico na maneira de fazer piada. Fazia piadas com republicanos, fazia piada com democratas, fazia piada com qualquer coisa (e quando eu digo fazer piada de uma maneira tosca: não, não é igual ao Gentili), porque por mais toscas que fossem as piadas, TODAS eram inteligentes, todas eram meticulosamente elaboradas. Até as piadas ruins que deixavam o apresentador com cara de idiota no palco com silêncios constrangedores.

A televisão perdeu uma de suas lendas, que trouxe inovação na maneira de se fazer entrevistas, na maneira de encarar o showbusiness e de lidar com o público (lembro de flashes ao vivo de um imigrante que tinha um mercadinho na rua do Ed Sullivan Theater que era simplesmente as melhores partes do programa). Bill Murray foi o primeiro a ser entrevistado e o último, só isso já foi um baita golpe de mestre, com uma grande despedida com direito a tortas na cara e show do Bob Dylan. O maior brilhantismo de David vem com o final, sabendo a hora de parar, sabendo que não tem mais relevância pra uma sociedade que não liga mais pra nada, que só sabe tirar selfies e viver dentro de uma rede social, deixando de lado a realidade. David Letterman não era virtual, era de carne e osso, uma pessoa real e isto é absurdamente estranho pras novas gerações que idolatram uma mídia cada vez mais maquiada.

David Letterman vai deixar um enorme buraco na televisão, mas com a rapidez do mundo atual, um buraco que vai ser preenchido, infelizmente, rápido demais. Para aqueles que acompanharam, nem que seja por um curto período de tempo (como eu), seu programa, fica aquele gostinho de “queria ter assistido mais vezes”. E fica a impressão de que há cada vez menos espaço para programas diferentes e inteligentes na televisão (em qualquer parte do mundo).

David Letterman salvou várias de minhas noites enquanto minha companheira dormia profundamente ao meu lado. Fica aqui meu muito obrigado!

Gustavo Campello

terça-feira, 12 de maio de 2015

A REALIDADE



Você já sentiu como se houvesse algo que não conseguisse perceber?

Como se fosse algo gigantesco que só você não vê? Como se o cisco no seu olho fosse um elefante. A maldita peça de um quebra cabeça que você nunca vai conseguir montar, porque aquela maldita peça é invisível somente para seus olhos.

E se aquela peça invisível não parar de gritar que você é Deus? Que no exato momento da sua morte você vai saber de tudo e entender de tudo.

A união completa com o infinito. (Infinito devia ser uma palavra que obrigatoriamente tinha que começar com a letra maiúscula).

Então você morre e descobre que era perfeito, e a consciência de tudo o que existe estava ao seu alcance o tempo inteiro, mas você não conseguia se conectar com isto porque estava cego.

A morte é o exato momento do apocalipse bíblico, o fim de tudo o que existe e o culpado é você, só você e ninguém mais.

Penso, logo sou Deus, o único Senhor de toda a minha realidade. A percepção é a única realidade do mundo de um único indivíduo.

Gustavo Campello

sábado, 2 de maio de 2015

PROMOÇÃO 5 ANOS 5 LIVROS (NOITES DE ALFACE)



Terceiro livro da promoção de cinco anos do blog, onde em cada mês irei sortear um livro até julho, quando o blog efetivamente faz aniversário. Em maio temos como terceiro livro sorteado NOITES DE ALFACE da escritora Vanessa Barbara que nasceu em São Paulo da dimensão conhecida como Mandaqui, com quem já pude dar cambalhotas em um site sobre catalupos nos idos anos 90. O livro da editora Alfaguara tem 165 páginas, espero que o(a) ganhador(a) goste!

Noites de Alface - Noites de alface é um romance que trata de perda, solidão e das convivências diárias triviais, às quais se pode resumir e encerrar uma vida inteira. Até a inesperada morte de Ada, com quem Otto estava casado há mais de 50 anos, os dois compartilhavam cada detalhe de sua rotina banal: a disputa do pingue-pongue, os cuidados com o jardim, o preparo de couve-flor à milanesa, as longas noites de documentários sobre o reino animal. Agora, a solidão de Otto ocupava uma “casa de gavetas vazias”.

A promoção é fácil, pra participar tem que estar curtindo nossa página no Facebook clicando AQUI!, depois de curtir nossa página no Facebook é só compartilhar publicamente o banner igual ao da foto aí de cima e pronto, você automaticamente está participando do sorteio. Boa Sorte!