segunda-feira, 29 de novembro de 2010

ME LIXANDO


Pronto, é o fim do Blog.... quem gostou gostou, quem não gostou foda-se!

To cansado, trabalhando pra caralho, me fodendo na faculdade, deprimido, confuso, sem vontade de ver ninguém ou de escrever.

Então se você leu este blog e está triste porque ele acabou.... bem, foda-se você também!

É isso aí! Mais nada pra dizer!

Vitor Scaglia

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

ABÓBORAS AMASSADAS



Vitor ganhou um ingresso pra ir assistir ao Festival Planeta Terra porque a mulher do seu primo estava grávida e não ia poder ir. Como nos velhos tempos, só ele e o primo em um show de rock completamente anos 90. Pavement e Smashing Pumpkins remontavam os velhos tempos de glórias, quando estava na faixa dos 17/18 anos, não perto dos 30 com rugas na cara e acabado por causa da bebida.

Nos velhos tempos sempre encontrava conhecidos nesses shows, agora está todo mundo casado e com filho, a cerveja estava cara pra caralho, então não deu pra ficar muito alto. Giulio, seu primo, era fã dos Smashing Pumpkins desde moleque, senão só seria Vitor no meio de desconhecidos que conseguiram passar pela ultima década sem casar ou ter filhos.

- Nossa, nem acredito que vou ver Smashing Pumpkins de novo – dizia Giulio empolgado chegando ao show.

- Vai ser do caralho – disse Vitor empolgado entornando uma cerveja.

- No ultimo show dos caras um filha da puta invadiu o palco enquanto eles tocavam 1979, daí eles pararam a música.

- Não fode! – Vitor nunca tinha visto um show dos Smashing Pumpkins – se alguém fizer isso enquanto eles tocarem Bullet Like Butterfly Wings eu juro que eu mato.

Conseguiram um lugar perfeito, bem perto da grade bem no meio do palco, enxergavam o brilho na careca do Billy Corgan e as pernas maravilhosas da Nicole Florentino. Giulio que tem diabete teve uma crise de falta de açúcar no meio do show do Pavement, mas depois de engolir um pacote de bolacha que Vitor guardava na mochila voltou a passar bem. A mochila de Vitor foi colocada, de tantos lugares para ser colocada, em cima de um chiclete que grudou na camiseta do Natural Born Killers que Vitor tanto amava e estava usando, virou uma meleca nojenta, mas quando os Pumpkins entraram ele esqueceu do imprevisto.

Foi um espetáculo, quando o show acabou Giulio gritava:

- SEUS FILHOS DA PUTA! – e os Smashing Pumpkins foram embora sem tocar 1979, Vitor dava risada recordando de quando tocaram Bullet Like Butterfly Wings.

Gustavo Campello

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O MEDO



Vitor não se sentia bem, olhava o relógio e via os minutos passarem.

TIC

TAC

Olhava para os lados e suava frio. Estava com medo.

TIC

TAC

Tentou lembrar das situações que mais o assustaram. Lembrou-se de quando tirou sangue quando era pequeno, de quando assistiu ao filme do E.T. do Spielberg, de quando se perdeu no shopping, de quebrar o braço ao cair da bicicleta, de quando brigou na escola pela primeira vez, de quando seu avô morreu, de quando Marília morreu, de quando assistiu O Iluminado, de colocar uma arma na cabeça, de vomitar sangue depois de dias bebendo, do dentista filha da puta espetando sua gengiva e do medo de perder tudo que perdeu.

TIC

TAC

O relógio não parava, pensou que podia acertá-lo com um martelo, mas o tempo ia continuar andando. Porque esse medo agora? Porque esse arrepio na espinha?

TIC

PLAF!

Pronto, o relógio tinha sido destruído, ponto para Vitor, mas o tempo continuava passando.

Vitor continuava envelhecendo, o medo continuava com ele.

Gustavo Campello

domingo, 14 de novembro de 2010

O PLÁGIO FRANKENSTEIN



Vitor só tem uma solução para os seus problemas. Ele abre uma garrafa de cerveja e deixa de pensar no problema. Podem dizer que ele é um alcoólatra que usa a bebida para uma fuga da realidade e de seus problemas. Não sei se alcoólatra é a palavra correta para definir o seu problema com a bebida, ele diz que gosta de cerveja e ponto, que pode parar quando quiser, mas que nunca vai querer. Este vício, este amor, esta necessidade para com a cerveja é uma característica que puxou de Hank Chinaski.

Seu humor é uma coisa engraçada, tem dias que acorda achando que está no topo, acredita que vai ser um grande escritor, que tem talento. Tem dias que não está nem aí pra isso, odeia a humanidade, quer que todos morram, ainda acredita que é um grande escritor, mas não quer que ninguém leia suas coisas, porque odeia todo mundo. Trata bem os amigos, trata mal os amigos. Caminha pensando coisas positivas e vai dormir pensando em coisas negativas. Quer entrar em um cinema e atirar em todo mundo e às vezes quer ajudar algum mendigo bêbado na rua. Acorda todo dia emburrado, isto é fato. Este seu jeito ambíguo é quase um traço genético no seu DNA que pegou de Arturo Bandini.

Vitor é pessimista, nasceu assim, acha que tudo que pode dar errado com uma pessoa em todo o planeta vai dar com ele também. Acha que sofre de azar crônico. Olha pras coisas e pensa logo no que vai dar errado, talvez por isso que tudo realmente dê errado. Se acontecer alguma coisa ruim com alguém conhecido, acha que aquilo aconteceu por culpa dele. Se o seu vizinho morrer de câncer amanhã, vai ter certeza que teve sua parcela de culpa com seus charutos na janela. Todo esse lado dele vem de Nick Adams com certeza.

Vitor quer morrer cedo, tem medo da vida. Procura fugas, subterfúgios, saídas pouco ortodoxas quando aparece qualquer responsabilidade na sua frente. É um folgado, prefere ficar em casa escrevendo do que encarar a dura realidade de lá fora. William Lee foi o responsável por isso, porém Vitor nunca usou drogas... por enquanto.

Mas Vitor tem um lado aventureiro, um lado que quer largar tudo e cair na estrada, comprar um barco e dar a volta ao mundo durante um ano, conhecer pessoas novas, beber coisas diferentes, festejar e escrever sobre tudo isso. Este é o lado de Mike Ryko, o lado que Vitor mais gosta e o que menos pratica.

Enfim, tudo isto só prova que Vitor é um plágio.

Gustavo Campello

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O GRITO



Vitor odeia dirigir na mesma proporção que adora tomar cerveja. Nunca teve saco pra entender sobre carro, sempre achou o assunto coisa de gente imbecil. Pode passar uma Ferrari do seu lado que ele não vai ver diferença nenhuma para um Gol por exemplo.

Carros nunca foi o assunto preferido de Vitor, isto sempre foi um fato, porém existe algo que ele adora fazer enquanto está dirigindo. Vitor grita. O carro em alta velocidade, passando por ruas quase desertas, com os vidros fechados ele grita para não ser ouvido. Ninguém consegue ouvi-lo, mas ele grita com toda a força que tem nos pulmões, um grito alto, grosso e vazio, sem interlocutor nenhum.

O grito diz em alto e bom som que Vitor não é uma pessoa vazia, ele não é a pessoa que tenta demonstrar para as pessoas, diz que aquela casca vazia que anda pelas ruas com as suas feições não é ele, é outra pessoa. O grito é o próprio Vitor tentando sair, amarrado no fundo de um poço, preso com grilhões no fundo do oceano. Se alguém ouvisse o grito teria entendido na hora, saberia o que ele queria dizer tão claro como uma manhã de verão.

“Sou um refém do destino”

“Me tire daqui”

“Quero sumir”

Nada é dito no grito que não para nunca dentro do carro, os ouvidos doem, mas a garganta continua tentando desesperadamente expressar o que o cérebro não deixa. Vitor, o cara controlado, que acredita que pode comandar tudo o que acontece ao seu redor. Tudo não passa de uma equação matemática. Por isso que bebe tanto? Precisa de uma válvula de escape pra perder o controle de vez em quando? Precisa que tudo seja como um programa de computador?

“Para o Inferno!” diz o grito “Não agüento isso”

Vitor dirige pensando se existe alguém que saiba realmente quem ele é, que saiba que para ele tanto faz as coisas que acontecem no mundo porque todo mundo vai morrer mesmo. Fatalista. Pessimista. Vitor.

A garganta fraqueja. Gosto de sangue. A voz fica rouca. O grito cessa.

Vitor volta a ser a mesma pessoa de antes, controlado, pessimista, fatalista, acreditando que a cerveja ainda vai salvá-lo e lá no fundo outra pessoa continua gritando por socorro.

Gustavo Campello

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

LIXO HUMANO



Uma idiota do serviço disse que Vitor não podia ter anulado seu voto.

- O caralho que eu não podia – foi a resposta que ela ouviu.

- Você não pode deixar as outras pessoas decidirem sobre o seu dinheiro.

Vitor ficou quieto, não acreditou no que ouviu, estava se lixando para o seu dinheiro, na verdade quase nem tinha dinheiro. Pensou em como as pessoas eram idiotas, em como odiava a raça humana e em como esses imbecis não conseguiam parar de pensar em dinheiro. Na época em que Vitor votava, ia pras urnas pensando em escolher um candidato que pensasse em melhorar a condição de vida das pessoas e não em que diabos iria acontecer com o seu dinheiro.

Vitor olhou para o espelho e se enojou, percebeu que não gostava dos seres humanos e ponto, não gostava de ser humano, não gostava em como os narizes saíam por entre os olhos, em como o suor escorriam pela testa e formações ósseas chamadas de dentes permitiam que ele mastigasse seus alimentos.

Decidiu que queria que a humanidade fosse a merda, é, definitivamente iria fazer de tudo pra que ele fosse a merda mais rápido. Foi a partir daí que aposentou os cestos de lixo da sua casa, jogava tudo pela janela do prédio agora. Garrafas pets, bandejinhas de lasanhas congeladas, potes vazios de rações de peixe e afins. Tudo ia embora pela janela a partir de agora.

- Você ta maluco? – disse Beatriz ao ver ele jogar um pedaço de chaveiro velho na rua outro dia – ta poluindo a rua!

Vitor fez uma cara amarrada, pegou aquilo do chão e colocou no bolso, não queria aporrinhação por esse novo estilo de vida. Em um dia chuvoso escorreu uma panela de óleo por toda a lateral do prédio e riu dizendo – malditos, morram todos com a minha poluição!

Essas coisas duravam pouco, Vitor se sentia um vilão ultra-maquiavélico de alguma história em quadrinhos, mas esse estilo de vida logo passava, porque faltava algum super herói pra combatê-lo. Desta vez ele ficou jogando lixo pela janela durante uns dois meses, no ultimo surto havia demorado o dobro até ele parar.

Quando resolveu voltar a usar o cesto de lixo, foi até a janela e gritou – O voto é meu e eu faço o que quiser com ele sua puta! – e pronto, o ódio havia passado.

Gustavo Campello