“A serpente
era o mais astuto de todos os animais dos campos que o Senhor Deus tinha
formado. Ela disse à mulher: “É verdade que Deus vos proibiu comer do fruto de toda árvore do
jardim?”. A mulher respondeu-lhe: “Podemos comer do fruto das árvores do
jardim. Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: Vós não
comereis dele, nem o tocareis, para que não morrais.” – “Oh, não! – tornou a
serpente – vós não morrereis! Mas Deus bem sabe que, no dia em que dele
comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses, conhecedores do bem e
do mal.””
Esperta a
serpente, ludibriou os homens que era e ainda são idiotas, que são ingênuos
perto dos joguetes de seres muito superiores a eles. Depois da ludibriação da
serpente a humanidade sempre esteve em apuros. Eu não acredito em Adão e Eva,
como não acredito em nenhuma frase do livro de Gênese, mas esqueçamos o que eu
acredito ou deixo de acreditar, deixemos de lado, por um momento, no que
acreditamos ou deixamos de acreditar e levemos o livro de Gênese a sério, vamos
supor que ele é real, que tudo aconteceu exatamente como está ali, mesmo que
não faça sentido nenhum.
Então se
tudo for verdade a serpente atuou lá em Gênese e ficou quieta até então? Nunca
mais tentou ludibriar a humanidade? Ficou de boa na canoa?
É o ano de
382 e o Papa Dâmaso I é o único homem acordado na madrugada daquele dia durante
o Concílio de Roma, ele olha para sua mesa onde monta uma primeira lista dos
livros que a igreja considera santos e que entrará futuramente em um livro que
será chamado de Bíblia.
- Confuso? –
diz a serpente de maneira safa se aproximando do Papa.
- É um
trabalho cansativo – o Papa olha para a serpente, que conhece faz tempo, um ser
que sempre lhe ajudou e que toma por um anjo – mas acredito que Deus irá me
ajudar através de ti não é mesmo?
- Não lhe
ajudei em nome Dele sempre? – a serpente sorri.
Mal sabe o
Papa que esta mesma serpente ajudou Flavius Valerius Constantinus durante o Concílio
de Nicéia há 57 anos atrás e que desde então vinha formando a Bíblia conforme
seus planos. Já vinha há anos preparando também Jerônimo de Estridão, um
sacerdote que serviria a seus propósitos, para traduzir os pergaminhos do grego
e hebraico ao latim para popularizar ainda mais o “livro santo” que tanto
trabalhara para produzir. Seus planos eram metódicos, sempre pensando no longo
prazo, pra quem tem milhares de anos de vida e mais milhares de anos por vir,
era um trabalho relativamente simples.
A Bíblia foi
criada e a religião deturpada: guerras, fogueiras, torturas, mais guerras,
estupros e inúmeras atrocidades foram e são cometidas até hoje em nome de Deus
e de Cristo. Tudo usando a Bíblia como propósito. Ninguém liga se o que está
escrito lá faz sentido ou não, ninguém liga se Jesus disse que era pra amar o
pecador, o foco é no que pode e não se pode fazer, o foco está sempre no que a
serpente reescreveu. Ninguém liga se Jesus tratava as mulheres como iguais, o
foco é no texto reescrito pela serpente onde a mulher deve ser submissa.
Ninguém liga pras contradições, cada um pega o que bem entende ali... Se a
palavra fosse única, haveria apenas uma religião cristã e não um monte, cada
uma com uma visão diferente da outra.
Sem saber,
os religiosos continuam em sua fé, seguindo o Culto à serpente, seguindo
preceitos que qualquer um que questionasse o que há de contradição no “livro
santo” chegaria à verdade inabalável que ninguém quer enxergar. A iluminação
está ao alcance de todos, mas a humanidade continua seguindo a serpente. Até
quando?
Gustavo Campello
Texto em Itálico: Gênese - Capítulo 3, Versículos 1 ao 5
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