Vitor, Marcel e Jorge iam sempre
naquele bar alternativo da cidade, chamava Ozz, era sujo, escuro e com pessoas
iguais a eles. No fundo de um corredor tinha aquele saudoso quadro do Incrível
Hulk e o palco era bem pequeno. Desta vez viria uma atração internacional pelo
exorbitante preço de dez reais. Marky Ramone, aquele mesmo cara que foi
baterista do Ramones,
viria com sua banda, os The Intruders.
Vitor havia perdido o show do G.B.H. por estar muito doente, devia ter sido
um show antológico naquele lugar, mas agora ele veria pelo menos um dos
integrantes do Ramones tocar.
Chegando lá, o lugar estava
lotado, os rostos conhecidos de sempre estavam marcando a presença habitual,
mas tinha um monte de caras novas por ali. Pessoas que não frequentavam o Ozz,
mas eram todos bem vindos. Vitor, Marcel e Jorge estavam com os ingressos
garantidos.
O repertório cotinha algumas
músicas famosas do Ramones,
mas a maioria das músicas era do álbum The
Answer To Your Problems? Que
havia sido lançado no ano anterior. Vitor tinha apenas o primeiro álbum da
banda.
Foi então que eles começaram a
tocar Good Luck You’re Gonna
Need It, parecia que tocavam para o Vitor, afinal sorte era uma coisa que
ele acreditava que precisava muito. Tinha a teoria de que sofria de uma doença
incurável denominada Azar Crônico. Não tinha sorte com empregos, não tinha
sorte com mulheres, não tinha sorte com dinheiro, não tinha sorte com muita
coisa.
You're looking for something you can't
find
Life ain't no sixties rhyme
You're miserable and frustrated too, yeah
Nobody's wants to be with you
Complain and whine is all you do
No one's gonna listen to you
Invisible, we see right through you
Life ain't no sixties rhyme
You're miserable and frustrated too, yeah
Nobody's wants to be with you
Complain and whine is all you do
No one's gonna listen to you
Invisible, we see right through you
Olhou para o lado e viu seus
amigos pulando ao lado dele, tinha alguma sorte afinal.
Quando a música parou Marky
Ramone arremessou a baqueta em direção a cabeça de Vitor, ele estava distraído.
Olhou para frente e viu um objeto não identificado vindo em direção ao seu
nariz. Abaixou à cabeça, o filho da puta que estava atrás dele pegou a baqueta.
- Azar Crônico – disse Vitor
olhando para Jorge, era muito melhor ter tido as fuças arrebentadas pelo Marky
Ramone, pegaria a baqueta e teria história pra contar.
Vitor e Jorge ficaram
estarrecidos olhando para a baqueta com o moleque atrás deles. Marcel pulava e
entrava em alguma rodinha de bate-cabeças que se formava.
Vitor achou melhor esquecer a
baqueta e aproveitar o resto do show, Jorge concordou. Foram todos para a
rodinha tomar uns socos e ganhar uns hematomas.
Gustavo Campello
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