sexta-feira, 15 de junho de 2012

DIVAGAÇÕES SOBRE A PAIXÃO



Stela...
            
Porque me lembrei dela agora?
             
Os cabelos longos e encaracolados, de um castanho claro bem comum nas mulheres que andam por aí. Quando eu tinha meus dezoito anos, ela mudou para a casa ao lado, uma garota de treze anos com as pernas brancas e compridas. Sempre deu em cima de mim, mas achava ela muito nova.
             
O tempo passou, saí da casa dos meus pais e fui reencontrá-la com os meus vinte e seis anos depois do término de uma relação muito complicada. Ela já não era mais tão nova assim. Aquela meninota das pernas compridas tinha virado uma tremenda mulher. Ficamos juntos durante um mês, mas nunca consegui tirar a imagem daquela criança de treze anos da cabeça, acho que por isto nossa relação não deu certo. Nunca tratei ela como uma mulher, sempre agi como se ela ainda fosse uma criança.
            
Um mês parece ser muito pouco tempo, mas as paixões verdadeiras marcam as nossas vidas independente de qualquer coisa.
            
Ela era a garota... Mulher... mais alto astral que conheci. Estava sempre sorrindo, dançando e se divertindo não importando a situação. Colocava-me pra cima. Nunca a levei a sério, ou nossa relação, mas talvez se tivéssemos tido tempo teríamos nos amado. Talvez o amor venha com o tempo e a paixão seja imediatista demais.
            
Ela acabou voltando com um ex-namorado e eu fingi que ela não era tão importante assim. Até agora. Jamais imaginaria que iria pensar nela dessa maneira, com esses sentimentos passando por mim, nos meus momentos finais. Gostaria de ter tido mais tempo com ela.
            
Tento não pensar mais nela, mas logo começo a cantar a primeira música que vem na minha mente.
            
- “Oh, Stella, eu quero te dar o mundo se você ficar comigo está noite. Stella, Stella! Eu quero te dar o mundo se você me abraçar forte. Abrace-me Forte”
            
O que será que ela está fazendo hoje? Será que casou? Tem filhos? Será que ela continua sendo a pessoa feliz e pra cima que eu conheci ou o mundo conseguiu derrubá-la de alguma maneira? Acho que o mundo da um jeito de derrubar todo mundo cedo ou tarde.
            
Cheguei a ficar muito mais tempo com algumas mulheres sem sentir a paixão que senti por ela, gostaria de ter me apaixonado mais vezes, mas sempre estive ocupado demais, fechado demais, contido demais...
            
Olho as estrelas e só então me dou conta que é este o significado do nome dela, tento me convencer de que foi por culpa das estrelas que pensei nela, que ela não foi tão significativa na minha vida assim como estou pensando, mas a verdade é que é exatamente o contrário. Não teria nem sequer percebido as estrelas que me rodeiam neste momento se não fosse por ela, as estrelas não seriam tão belas e luminosas se não fosse por ela, minha vida teria sido bem menos interessante se não fosse por ela.
            
Sinto-me um idiota.
           
Provavelmente ela nem se lembra de mim.

Gustavo Campello

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