quinta-feira, 26 de agosto de 2010

ANOS 80



Os amigos de Vitor insistiram. Ele achou uma péssima idéia, mas não teve jeito. Ia mesmo rolar uma festa anos 80, tipo um bailinho, Vitor não se lembrava muito dos bailinhos, deve ter participado de uns dois durante a sua adolescência. Pelo menos era de dois que se lembrava. O primeiro inclusive foi na sua casa, às pessoas estavam formando casais e ele foi ficando de lado.

- Você vai ficar com alguém? – perguntou Marília chegando perto dele.

- Sei lá.

- Quer me dar um beijo? – a menina estava desesperada para beijar alguém, não queria ficar de lado enquanto as outras meninas beijavam outros garotos.

- Tudo bem.

Primeiro bailinho e ele já faturava uma garota, parecia uma vida promissora, mas a sorte dele parou por aí. Marília era uma garota bonita, ainda deve ter uma foto dela em algum lugar, haviam estudado juntos fazia algum tempo, inclusive em escolas diferentes, seu pai era amigo do pai dela, haviam dançado juntos na terceira série em uma daquelas festas que a escola faz para os pais verem seus filhos pagarem micos. Marília sempre fora sua amiga, sentia falta dela.

Nessa época ele gostava de uma garota loira de olhos azuis, aquela garota que toda a classe é apaixonada, Lilian, mas não tinha coragem de convidá-la para dançar, ficava lá olhando ela dançar com outros caras e se sentia um merda. No segundo bailinho encheu o peito de coragem e foi lá, convidou ela para dançar, depois de trinta segundos a vitrola deu um defeito, ou acabou a força, não se lembrava agora, o fato é que a música acabou, ficou tudo escuro e não teve mais dança. Vitor e seu azar crônico. Achou melhor deixar quieto, nunca mais convidou ninguém para dançar. Teve um casamento que dançou com uma tia cinquentona, mas foi ela que insistira.

Por essas e por outras Vitor achava a idéia de uma festa anos 80 a pior idéia do mundo. Foi então que lembrou que nos anos 80 ele não ia a bailinhos, brincava com seus Comandos em Ação, assistia He-Man e Thundercats e fazia guerras de mamonas com seus primos. Os bailinhos que ele se lembrava haviam sido no começo dos anos 90. As roupas não eram tão ridículas e as pessoas já haviam tido o bom censo de jogar aquelas ombreiras fora.

Pensou sobre tudo isso e ficou com mais medo ainda do bailinho.

Gustavo Campello

Um comentário:

  1. Nossa, azar crônico... deve ser algo comum...
    Conheço algumas pessoas que sofrem disso e as vezes tenho meus momentos também...

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