Os amigos
de Vitor insistiram. Ele achou uma péssima idéia, mas não teve jeito. Ia mesmo
rolar uma festa anos 80, tipo um bailinho, Vitor não se lembrava muito dos
bailinhos, deve ter participado de uns dois durante a sua adolescência. Pelo
menos era de dois que se lembrava. O primeiro inclusive foi na sua casa, às
pessoas estavam formando casais e ele foi ficando de lado.
- Você
vai ficar com alguém? – perguntou Marília chegando perto dele.
- Sei lá.
- Quer me
dar um beijo? – a menina estava desesperada para beijar alguém, não queria
ficar de lado enquanto as outras meninas beijavam outros garotos.
- Tudo
bem.
Primeiro
bailinho e ele já faturava uma garota, parecia uma vida promissora, mas a sorte
dele parou por aí. Marília era uma garota bonita, ainda deve ter uma foto dela
em algum lugar, haviam estudado juntos fazia algum tempo, inclusive em escolas
diferentes, seu pai era amigo do pai dela, haviam dançado juntos na terceira
série em uma daquelas festas que a escola faz para os pais verem seus filhos
pagarem micos. Marília sempre fora sua amiga, sentia falta dela.
Nessa
época ele gostava de uma garota loira de olhos azuis, aquela garota que toda a
classe é apaixonada, Lilian, mas não tinha coragem de convidá-la para dançar,
ficava lá olhando ela dançar com outros caras e se sentia um merda. No segundo
bailinho encheu o peito de coragem e foi lá, convidou ela para dançar, depois
de trinta segundos a vitrola deu um defeito, ou acabou a força, não se lembrava
agora, o fato é que a música acabou, ficou tudo escuro e não teve mais dança.
Vitor e seu azar crônico. Achou melhor deixar quieto, nunca mais convidou
ninguém para dançar. Teve um casamento que dançou com uma tia cinquentona, mas
foi ela que insistira.
Por essas
e por outras Vitor achava a idéia de uma festa anos 80 a pior idéia do mundo.
Foi então que lembrou que nos anos 80 ele não ia a bailinhos, brincava com seus
Comandos em Ação, assistia He-Man e Thundercats e fazia guerras de mamonas com
seus primos. Os bailinhos que ele se lembrava haviam sido no começo dos anos
90. As roupas não eram tão ridículas e as pessoas já haviam tido o bom censo de
jogar aquelas ombreiras fora.
Pensou
sobre tudo isso e ficou com mais medo ainda do bailinho.
Nossa, azar crônico... deve ser algo comum...
ResponderExcluirConheço algumas pessoas que sofrem disso e as vezes tenho meus momentos também...