sexta-feira, 6 de agosto de 2010

PELA METADE



Vitor Scaglia estava de saco cheio, parecia que tudo que ele começava na vida não tinha um final, a última coisa que ele deve ter terminado foi (além da garrafa de vinho que estava ao seu lado) o segundo grau, isso há mais de dez anos, estava fazendo uma faculdade de economia, mas não se identificava em nada com o curso – É um bando de vendidos! – dizia ele se referindo à profissão, parecia que tudo tinha que girar em torno de dinheiro.

Sentia-se perdido, não tinha vontade de trabalhar, então ficava em casa escrevendo, achava tudo sem sentido – Pra que diabos eu vou trabalhar com alguma coisa que eu não gosto se eu vou morrer no fim como todo mundo? – as pessoas sempre tinham a mesma resposta também – Dinheiro!

Era um pessimista da pior espécie, se pensava em fazer alguma coisa diferente, logo desistia porque muito provavelmente iria dar errado, não porque a idéia era ruim, mas porque era ele que iria por em prática. Achava que era o cara mais azarado da face da Terra, mas as coisas realmente acabavam dando errado com ele, então não terminava nada.

Atualmente está escrevendo um livro e não está disposto a desistir, o livro vai provar que ele pode terminar alguma coisa sem que esta coisa seja o segundo grau ou uma garrafa de vinho. Quando não está com idéias resolve escrever crônicas, coisas pequenas para exercitar a escrita e fazer o cérebro funcionar.

Vitor está em frente ao computador olhando para uma crônica que está incompleta, se levanta, vai comer um pão com mortadela e cerveja.

A crônica é só mais uma das coisas que ele vai deixar pela metade.

Gustavo Campello

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