Para Cristine
Hoje faz
cinco anos que lancei minha primeira crônica (Meu Tio é um Bundão), lembro que
eu estava em Sorocaba e era lá pra meia noite e meia. Havia acabado de voltar
da casa do meu primo, foi a última vez em que eu estive lá, comendo pizza, bebendo vinho e jogando vídeo game com ele, pela primeira vez na vida não havia perdido no
futebol, tinha conseguido um empate. Voltei pra casa meio alto, meu sobrinho
(com seus oito anos) me enchendo o saco, resolvi escrever uma crônica e postar
no blog (que já tinha sido criado, mas não tinha crônicas ainda), peguei o notebook
da minha namorada que me incentivava muito a escrever, assim surgiu As Crônicasde Scaglia, uma série com mais de 70 crônicas que eram bem autobiográficas.
Então muita
coisa aconteceu nesse meio tempo, uma era de trevas, o fundo do poço, nem sei
como comentar, mas este é um post pessoal, é um balanço 100% real. Meu primo,
que em muitos momentos era mais meu irmão que minhas irmãs, faleceu em menos de
cinco meses depois da primeira crônica, meu namoro terminou na mesma época, de volta as bebedeiras
constantes minha vida não parecia sair do lugar. Tá tudo aí, nas crônicas, é só
ter um olho clínico que tu acha as coisas por que passei.
Então
resolvi virar a mesa, a morte do meu primo havia me mudado de alguma maneira,
enterrou toda a raiva, frustração, ódio, negatividade e mais tantas coisas com
ele, lógico que só depois de muita terapia com o Dr. Oswaldo. Nunca parei de escrever, persisti escrevendo, terminei o livro (ainda não
publicado) e as crônicas continuaram. Retomei minha relação com a minha filha,
que é e sempre foi a coisa mais importante pra mim (pra quem dedico essa
crônica). Não acho que ela lê o blog, mas a ideia é que um dia ela leia e possa
me conhecer melhor. Eu trocaria qualquer pessoa por ela: pai, mãe, irmã, primo,
cachorro, namorada... enfim, e é por isto que eu chamo ela de filha. Nossa
relação pode ser das mais esquisitas para os olhos dos outros, morando
distantes, ficado tanto tempo sem nos ver, e tantas outras coisas, mas é uma relação forte. Busquei ela
esta semana de um intercâmbio na Alemanha, dez meses lá fora neste mundão, cada
vez mais eu tenho muito orgulho dela e não consigo imaginar minha vida
sem a ter conhecido. Queria poder fazer muito mais do que faço. Ela,
por si só, já faz os últimos cinco anos terem mais ganhos que perdas. Uma das minhas
crônicas favoritas é a (Ausente), que escrevi pra ela e provavelmente ela nem
saiba ainda.
Mais
recentemente teve o câncer da minha irmã e continuei escrevendo. Namoro
problemático e continuei escrevendo. Meu cachorro que ilustrou o conto (NovaVida, Novo Começo) ficou muito doente e depois de um intenso tratamento que me
zerou os bolsos fugiu na mesma semana que minha irmã operava, tentei
desesperadamente encontra-lo, postei fotos pelas ruas, mas até hoje nada dele
aparecer, mas continuei escrevendo. Depois de doze anos tentando me formar, tirei
o diploma, sem deixar de escrever. Enfim, escrever tem sido minha vida, mas eu
tava com uma vontade louca de encerrar o blog hoje (mas mudei de ideia).
Veio a
promoção 5 anos 5 livros que realizei aqui e foi a maior frustração de todos
esses cinco anos de blog, ver o tão pouco de pessoas que participavam me broxou
(Porra! Era livro de GRAÇA, era só compartilhar, mas ninguém compartilhava),
teve um sorteio entre cinco pessoas mais ou menos (Bem sugestivo: 5 anos 5
livros 5 participantes, patético). Pela primeira vez deu vontade de parar com
tudo, desencanar do blog, desencanar de escrever, porque ninguém vai ler mesmo.
Na verdade, acho que ninguém nem chegou até aqui. Mas não vou parar com o blog,
decidi não escrever pra ninguém, nem pra mim, vou escrever pra registrar o que
eu penso, quem eu sou, como eu vejo o mundo, pra se um dia, seja minha filha, minha namorada, meus sobrinhos, amigos ou quem quer que seja resolver querer saber algo sobre
mim, bem, está tudo aqui, é só ler, explícito ou nas entrelinhas, 100%, um enorme quebra cabeças que se chama Gustavo Campello. Escrevo pra
família, seja ela de sangue ou não, porque é tudo o que temos (talvez pra família de sangue bem menos).
Obrigado a
todos que leram, e se tu leu até aqui, escreva “Idiota” nos comentários, não
seja tímido. ;)
Gustavo Campello
Isso aí
ResponderExcluirDesiste não
Imagina quanta frustração outros não já passaram também
O que importa mesmo é que você tá escrevendo
Talento você tem, cara
Ainda vou ter seu livro na minha estante
;)
Isso aí
ResponderExcluirDesiste não
Imagina quanta frustração outros não já passaram também
O que importa mesmo é que você tá escrevendo
Talento você tem, cara
Ainda vou ter seu livro na minha estante
;)