É engraçado
como a gente cresce e nem percebe.
Nestas
últimas semanas percebi, depois do Zeca Camargo dizendo que é preciso ouvir
mais Cazuza e Michael Jackson do que sertanejo, e mais recentemente, a repórter
Monica Iozzi veio dizer a mesma coisa sem mencionar o Michael Jackson. Esta é a
mentalidade de um adolescente chato pra caralho de quinze anos que quer ditar
regras, que quer se afirmar dizendo que o que ele lê, ouve e assiste faz dele
melhor do que você.
Graças a
Deus eu cresci, imagina chegar com a idade do Zeca Camargo e da Monica Iozzi
assim? Credo!
Quando tinha
meus quinze anos ouvia rock, e me achava o tal: Metallica, Nirvana,
Soundgarden, Alice in Chains, Aerosmith, R.E.M. e tantas outras bandas tocavam
no aparelho de som sem parar para desespero de meus pais e irmãs. Vestia-me de
preto e xingava pagodeiro, falava que eram ignorantes, que isso ou aquilo.
Típico adolescente chato querendo se impor pra um mundo que não dá a mínima.
Daí com dezessete
anos descobri algumas coisas diferentes: Nina Simone, Frank Sinatra, Bobby
Darin, Johnny Cash, David Bowie, Lou Reed, David J. e vários outros que saíam
um pouco do o rock pesado e criavam coisas misturando jazz, blues, soul,
country e outras coisas. Continuava achando pagodeiro idiota, mas falava menos,
me importava menos, tentava impor menos meus gostos pra um mundo que eu
percebia cada vez mais que tava se lixando.
Hoje, com
trinta e quatro anos, percebi que já faz um bom tempo que deixei de lado aquela
coisa adolescente de só ouvir música estrangeira e descobri várias outras
coisas ao longo dos anos que passaram tão rápido: Almir Sater, Ney Matogrosso,
Cartola, Tom Zé e tantos outros. Continuo não gostando de pagode, não curto
funk, também não me desce o sertanejo comercial (prefiro o de raiz pouco
divulgado nas mídias). Daí morreu um sertanejo que eu não conhecia (é, to
falando do Cristiano Araújo) e parece que todo mundo resolveu cagar regra.
“Mais
Cazuza, menos Cristiano Araújo”
“Mais
Michael Jackson, menos sertanejo”
Oras, apesar
do meu gosto musical ser extremamente eclético, nunca me desceu Cazuza, nem
Michael Jackson, e agora? Porque ainda não me desce pagode e sertanejo vou
começar a dizer por aí que é preciso ouvir mais Tom Zé e Cartola? Isso é
demagogia barata, cresci e continuo ouvindo Nirvana, mas parei de ouvir só
Nirvana. Cresci e agora escuto Cartola, mas não escuto só Cartola. Acho que todo
mundo pode e deve escutar aquilo que quiser, o que agrada seu ouvido, o que der
na telha. Se alguém quiser vir comparar Cristiano Araújo com meu David Bowie (Afinal
de contas não foi o Paulo Coelho que veio se comparar com o James Joyce?), aí a
conversa é outra, mas eu já estou velho demais pra essas discussões.
Não vou
entrar em discussões sobre aquilo que a mídia insiste em te colocar dentro de
determinados padrões, porque não é assim só com música, é assim com cinema,
literatura e várias outras coisas. A discussão é extensa, mas se a pessoa
quiser ouvir funk, ler Guerra dos Tronos, assistir Velozes e Furiosos e se
achar o máximo, bem, o problema é da pessoa e ninguém tem nada haver com isso.
Amadureci, não da pra dizer o mesmo do Zeca Camargo e companhia. To fora de
discussões extensas deste tipo!
Gustavo Campello
Fingindo que não entrou na discussão e se sentindo maduro
Gustavo Campello
Fingindo que não entrou na discussão e se sentindo maduro
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