Bram não
gosta de macarrão, acha que lembra os vermes que vivem nos braços dos
sem-coração. Não que ele precise comer algo, afinal ninguém precisa comer algo
no Mundo Intermediário. Indaga-se porque está ali naquele restaurante imundo
com aquele prato de macarrão na sua frente? Porque se sente compelido a comer
aquela merda? Parece um macarrão normal com molho de aspargos, seja lá o que
for um aspargo. Pensa que aspargos não combinam com macarrão e sente vontade de
vomitar.
O garfo vai
até o prato quase de maneira automática, vai girando enquanto o macarrão vai
enrolando entre seus dentes de metal. Bram olha pra tudo aquilo com nojo. O
garfo parece adquirir vida própria enquanto o macarrão se aproxima com o
macarrão até sua boca. Bram não quer abrir a boca, seus olhos tentam focalizar
algo.
Tem algo
andando em seu macarrão, ele enfia na boca mesmo assim, mastiga e passa mal.
Vomita ali mesmo do lado de sua mesa. Sua frio e sente algo andando pela sua
garganta, tentando chegar até seu cérebro.
Vomita mais
um pouco até sentir que não tem mais vermes dentro dele.
Olha para o
prato de macarrão, um velho se aproxima e joga o prato longe.
-Fungos! – o
velho grita – Fungos por toda parte!
- Fungos? –
diz Bram sem entender nada.
O velho é
arrastado pra fora do restaurante enquanto o mesmo joga um pano em direção a
Bram dizendo – Você vai limpar esta sujeira – e parece decidido a impedir a
saída de Bram até que ele faça o que tem que ser feito.
Bram começa
a limpar seu vomito enquanto algo se meche, parece criar vida própria. O fungo
quer Bram, não importa como, tenta entrar em seu nariz, mas ele é mais rápido e
pisa no fungo que cresce tentando tomar a todos no restaurante.
As pessoas
não são mais elas mesmas, são agora parte do fungo.
Bram corre
dali. Sobre trinta e cinco andares sem parar até se sentir seguro. Ele pensa
estar a salvo, mas é questão de tempo até o fungo alcança-lo, não hoje, mas em
breve. O vocalista dos Formigas
de Mercúrio vai ter muito trabalho pra continuar sendo ele mesmo.
Gustavo
Campello
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