quarta-feira, 20 de março de 2013

CHARLIE BROWN JR



Era o dia 11 de Agosto de 1997, Vitor e Marcel estavam indo a seu primeiro show internacional na cidade de São Paulo.

Chegaram à casa de show Olympia faltando mais ou menos uma hora para a abertura da casa. Não havia mais ingressos para a pista, tiveram que comprar camarote por R$40,00.

Ficaram na fila onde tinha de tudo. Punks com camisetas do Ramones, grunges com camisetas do Nirvana, pessoas ordinárias como eles com camisetas pretas, riquinhos metidos com camisetas do Ramones também, skatistas com camisetas do Ramones... Enfim, era uma época que a camiseta do Ramones ainda imperava.

A casa abriu e eles foram até o setor C, na mesa 542 no camarote 3. Haviam duas meninas sentadas na mesa quando chegaram. Seria sorte demais se as duas fossem bonitinhas, mas como era a vida real, uma tinha que ser feia.

Vitor sabia que o páreo já estava perdido, não porque Marcel era mais bonitão, não era nada disso, mas porque tinha o péssimo habito de não saber conversar com mulheres. A mais bonitinha era uma loira magrelinha e a feinha era uma castanha meio gordinha.

Marcel foi logo conversando com a loirinha e Vitor tentou puxar assunto com a outra:

- E aí? – disse Vitor – calor, né?

A garota riu do jeito sem graça dele.

- Sabe que horas que a banda de abertura começa? – disse ela puxando assunto.

- Banda de abertura? – Vitor nem sabia que ia ter uma banda de abertura.

- É, vai ter uma banda abrindo o show – disse ela – chama Charlie Brown Jr.

Vitor já havia ouvido duas músicas da banda: O Coro Vai Comê! e Tudo Que Ela Gosta de Escutar. Havia gostado do som, não achava nada demais, mas era bom. Nesta época a banda estava começando e havia feito certo sucesso com a primeira música.

- Já ouvi duas músicas deles, parecem legais.

A garota estava afim de ficar com Vitor e apesar dele ter achado ela feia quando chegou, estava começando a gostar da idéia de ficar com ela. Ela era simpática e legal. Vitor havia tido uma péssima experiência com uma garota, se apaixonou por ela, havia mandado até flores, mas ela parecia ter o coração de pedra. Não tinha conseguido ficar com ninguém desde então.

- Estamos montando uma banda – disse Vitor tentando impressionar.

- Você toca o que?

- Guitarra – apontou com a cabeça para o Marcel – ele toca baixo.

- Como é o nome da banda?

- Caixa Materna.

Antes que ela pudesse falar alguma coisa a banda entrou no palco. Os integrantes Chorão, Champignon, Thiago Castanho, Marcão e Renato Pelado fizeram um show pesado de aproximadamente uma hora. Tocaram músicas do primeiro álbum que viriam a fazer sucessos como Proibida pra Mim, Festa e as já conhecidas por Vitor O Coro Vai Comê! e Tudo Que Ela Gosta de Escutar. O ponto alto do show, porém, foi quando a banda tocou um cover da banda Rage Against The Machine.

Killing in the name of!
Killing in the name of!

Vitor pulou durante todo o show, foi a única vez que assistiu um show da banda Charlie Brown Jr, quando eles nem faziam tanto sucesso assim. Bem no futuro o vocalista acabaria morrendo de overdose com a banda no auge do estrelato. Vitor acabou comprando o álbum Transpiração Contínua Prolongada depois deste show.

O show acabou, Marcel pediu um conhaque barato e Marcel pediu uma cerveja mesmo. Marcel e a loirinha pareciam estar se entendendo. Vitor tomava a cerveja devagar quando sentiu a garota colocar sua mão em cima da dele. Vitor ficou vermelho e sem reação. Ela achou graça.

Foi quando o show principal começou... The Offspring entrava no palco e Vitor se sentia salvo pelo gongo.

Gustavo Campello

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