Era o dia 11 de Agosto
de 1997, Vitor e Marcel estavam indo a seu primeiro show internacional na
cidade de São Paulo.
Chegaram à casa de
show Olympia faltando mais ou menos uma hora para a abertura da casa. Não havia
mais ingressos para a pista, tiveram que comprar camarote por R$40,00.
Ficaram na fila onde
tinha de tudo. Punks com camisetas do Ramones, grunges com camisetas do
Nirvana, pessoas ordinárias como eles com camisetas pretas, riquinhos metidos
com camisetas do Ramones também, skatistas com camisetas do Ramones... Enfim,
era uma época que a camiseta do Ramones ainda imperava.
A casa abriu e eles
foram até o setor C, na mesa 542 no camarote 3. Haviam duas meninas sentadas na
mesa quando chegaram. Seria sorte demais se as duas fossem bonitinhas, mas como
era a vida real, uma tinha que ser feia.
Vitor sabia que o
páreo já estava perdido, não porque Marcel era mais bonitão, não era nada
disso, mas porque tinha o péssimo habito de não saber conversar com mulheres. A
mais bonitinha era uma loira magrelinha e a feinha era uma castanha meio
gordinha.
Marcel foi logo
conversando com a loirinha e Vitor tentou puxar assunto com a outra:
- E aí? – disse Vitor
– calor, né?
A garota riu do jeito
sem graça dele.
- Sabe que horas que a
banda de abertura começa? – disse ela puxando assunto.
- Banda de abertura? –
Vitor nem sabia que ia ter uma banda de abertura.
- É, vai ter uma banda
abrindo o show – disse ela – chama Charlie Brown Jr.
Vitor já havia ouvido
duas músicas da banda: O Coro
Vai Comê! e Tudo Que Ela Gosta de Escutar.
Havia gostado do som, não achava nada demais, mas era bom. Nesta época a banda
estava começando e havia feito certo sucesso com a primeira música.
- Já ouvi duas músicas
deles, parecem legais.
A garota estava afim
de ficar com Vitor e apesar dele ter achado ela feia quando chegou, estava
começando a gostar da idéia de ficar com ela. Ela era simpática e legal. Vitor
havia tido uma péssima experiência com uma garota, se apaixonou por ela, havia
mandado até flores, mas ela parecia ter o coração de pedra. Não tinha
conseguido ficar com ninguém desde então.
- Estamos montando uma
banda – disse Vitor tentando impressionar.
- Você toca o que?
- Guitarra – apontou
com a cabeça para o Marcel – ele toca baixo.
- Como é o nome da
banda?
- Caixa Materna.
Antes que ela pudesse
falar alguma coisa a banda entrou no palco. Os integrantes Chorão, Champignon, Thiago Castanho, Marcão e Renato
Pelado fizeram um show pesado
de aproximadamente uma hora. Tocaram músicas do primeiro álbum que viriam a
fazer sucessos como Proibida
pra Mim, Festa e as já conhecidas por Vitor O Coro Vai Comê! e Tudo
Que Ela Gosta de Escutar. O ponto alto do show, porém, foi quando a banda
tocou um cover da banda Rage
Against The Machine.
Killing in the name of!
Killing in the name of!
Vitor pulou durante
todo o show, foi a única vez que assistiu um show da banda Charlie Brown Jr,
quando eles nem faziam tanto sucesso assim. Bem no futuro o vocalista acabaria
morrendo de overdose com a banda no auge do estrelato. Vitor acabou comprando o
álbum Transpiração Contínua
Prolongada depois deste show.
O show acabou, Marcel
pediu um conhaque barato e Marcel pediu uma cerveja mesmo. Marcel e a loirinha
pareciam estar se entendendo. Vitor tomava a cerveja devagar quando sentiu a
garota colocar sua mão em cima da dele. Vitor ficou vermelho e sem reação. Ela
achou graça.
Foi quando o show
principal começou... The Offspring entrava no palco e Vitor se sentia salvo
pelo gongo.
Gustavo Campello
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