Vitor
estava bêbado, era aproximadamente uma hora da manhã, caminhava sozinho em uma
avenida movimentada. Não havia mais ônibus na rua, ou ele não reparava nisso,
sua casa estava longe, seria uma bela caminhada, um pé atrás do outro, pernas
se contorcendo, mas nenhuma vontade de vomitar.
Sentiu a
bexiga apertar, precisava mijar, os carros não paravam de passar e a avenida
tinha um certo movimento ainda, alguns bares e restaurantes ainda estavam
abertos. Andou mais uns dois quarteirões até que observou uma árvore bem grande
na próxima esquina – “Vou mijar naquela árvore escondido do sentido que os
carros vem – pensou Vitor indo em direção ao seu futuro banheiro.
Quando se
aproximou sentiu que algo o parou no ar, seus pés já não encostavam o chão,
pedaços da sua pele haviam sido dilacerados, ficou ali pendurado em algo que
seu cérebro não conseguia entender o que era.
Imaginou-se
como uma mosca em uma teia de aranha, aguardando o momento fatídico em que o
predador aracnídeo iria enfiar-lhe o ferrão e devorar suas entranhas
liquefeitas. Suas mãos doíam, suas pernas doíam e sua barriga também doía. Foi
então que percebeu que estava preso em uma cerca de arame farpado, inclinou o
seu corpo para trás e se viu livre, devia estar ridículo pendurado daquele
jeito pros carros que passavam e olhavam para aquela cena. Desenroscou o
agasalho e viu que tinha várias partes do corpo sangrando.
- Sua
cerca filha da puta! – Vitor tirou o pinto pra fora e mijou na cerca mesma, foi
então que sentiu falta do seu óculos e imaginou corretamente que ele havia
caído para dentro da cerca, teve que se contorcer todo para passar para o outro
lado da cerca e procurar sua fonte de visão apalpando o chão que agora estava
todo mijado.
Encontrou
seus óculos há uma distância considerável da cerca, o impacto entre eles devia
ter sido grande, a sorte é que ele estava seco. Voltou para o outro lado e foi
caminhando para a casa mancando e com algumas dores no corpo.
Agora ele
sabia como uma mosca se sentia presa a uma teia. Chegou em casa, deitou-se na
cama do jeito que estava e sonhou que combatia uma aranha gigante em um reino
de teias digno do desenho Caverna
do Dragão, iria matar aquela desgraçada peluda e conquistar o coração de Sheila trazendo-a para casa, ela seria sua
cara metade, ele sabia disto desde que tinha seus cinco anos. Acordou e pensou
– “Bem que podíamos deixar aquele irmão chato dela por lá!
Gustavo Campello
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