segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A FESTA DO BANHEIRO



Vitor estava cansado de trabalhar no clube, não porque o trabalho era chato, mas porque as pessoas eram chatas. Ele nunca se deu bem com pessoas, no fim das contas, mas parece que com a idade esta implicância vinha crescendo dentro dele.

Tentou pensar em algo chato em relação ao seu trabalho, tinha tempo de ler, não acontecia nada demais, escrevia e rascunhava coisas o dia inteiro, mas terça feira era diferente, Vitor odiava todas as terças feiras. Terça feira era o dia de o pessoal ir jogar vôlei.

A quadra enchia de bixinhas com seus gritinhos agudos, Vitor não tinha nenhum problemas com eles, uma vez deu briga entre duas bibas e Vitor teve que ficar plantado lá como segurança.

- Muito bem – ele disse estufando o peito – não quero mais ver bagunça aqui, vou ficar em cima de vocês.

- Ui! – gritou uma lá do fundo – ele vai ficar em cima da gente. Eu primeiro! Eu primeiro!

Vitor levou na brincadeira, havia morado um bom tempo ao lado de um vizinho travesti que acabou virando um amigo. A parte ruim do seu trabalho de terça feira era depois do jogo de vôlei e não era na quadra, mas sim no vestiário, onde acontecia a famosa Festa do Banheiro da Terça Feira.

Homens comendo homens, homens masturbando homens, homens chupando homens, homens beijando homens, homens em cima de homens, homens embaixo de homens, homens enfiando coisas em homens, homens amando homens, homens batendo em homens. Enfim... Era um pandemônio!

O trabalho de Vitor na terça feira consistia em impedir que homens comessem homens, homens masturbassem homens, homens chupassem homens, homens beijassem homens, homens ficassem em cima de homens, homens ficassem embaixo de homens, homens enfiassem coisas em homens, homens amassem homens, homens batessem em homens. Enfim... que os homens fizessem qualquer coisa com outros homens.

“Isto é um saco” – pensava ele – “eles que se fodam, literalmente, eles que façam a suruba que eles quiserem, eu não tenho nada com isso, não sou pago nem pra ficar interrompendo essas merdas, nem pra ficar vendo essas merdas”.

Então Vitor deixava os homens comendo homens, homens masturbando homens, homens chupando homens, homens beijando homens, homens em cima de homens, homens embaixo de homens, homens enfiando coisas em homens, homens amando homens, homens batendo em homens. Enfim... Era a famosa Festa do Banheiro da Terça Feira.

Era só aparecer no clube de terça feira, estar no banheiro masculino a partir das 21:30 e ser homem e pronto, você estava convidado. No fim você nem precisava jogar vôlei.

Gustavo Campello

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