Em homenagem a todos os meus peixes
Vitor não se lembrava quem ele havia tirado no primeiro amigo secreto da
família, ele era pequeno, achou tudo aquilo divertido, porém ele se lembra
perfeitamente que seu primo Giorgio o havia tirado, seu presente foi o melhor
presente que ele poderia querer de aniversário e natal juntos, um aquário.
Levou para a casa todo feliz, queria muito um desses porque o seu primo tinha
um, lembrava de um verão em que o aquário estava vazio e eles encheram ele de lagartixas,
caçavam lagartixas por toda a casa, depois as alimentavam com moscas,
borboletas e qualquer outro tipo de insetos que encontravam. Este seu primeiro
aquário teve uma vida curta, sua irmã bateu uma cadeira nele e o quebrou.
Lembra de um Tricogaster que deu o nome de Jibóia por ser o terror do aquário,
vivia batendo nos outros peixes, Vitor colocava o peixe de castigo em um pote
branco ao lado do aquário para ele aprender a não maltratar os outros peixes,
mas aquilo nunca funcionou. Jibóia morreu no holocausto da cadeira juntos com
vários outros peixes, mas era da Jibóia que ele lembrava mais. Todos esses
peixes haviam sido dados pelo seu primo Sandro que morava no mesmo prédio que
Vitor, eles ficavam num pote em cima da escrivaninha do primo, quando Sandro
ficou sabendo do aquário de Vitor achou melhor para os peixes irem para um
lugar mais confortável e doou Jibóia e Cia.
Seu segundo aquário foi comprado como presente de aniversário de 10
anos, lembra até hoje de ir com seu pai até uma loja de aquários que se chamava
“Moby Dick” e escolher um aquário de trinta litros com tampa e apoio de
madeira, plantas de plástico, um timão amarelo que soltava bolhas e um motor de
oxigênio vermelho. Seu pai havia ajudado a escolher o melhor aquário do mundo.
Este aquário Vitor acabou dando para sua filha, mas ela desistiu depois que a
Dorothy morreu. Vitor passou anos com ele ao lado de sua cama, vários peixes
passaram por ele e talvez tenha sido com ele que Vitor tenha começado a tentar
escrever algo, pois produzia histórias em quadrinhos baseadas nos seus peixes,
chamava “Defensores do mar” ou algo assim... Vitor ainda tinha guardado todas
essas histórias, mesmo sabendo hoje que esses peixes eram de água doce e
morreriam rapidamente se fossem colocados no mar. Ficou sabendo recentemente
que a filha dera o aquário para um tio sob pressão da avó e Vitor realmente
estava feliz em saber que alguém estava cuidando dele e ele ainda continha
alguns peixes, mas ficou com raiva da ex-sogra por ter dado o aquário sem ele saber.
O terceiro aquário de Vitor e que ele conservava até hoje havia sido
dado por Beatriz no seu aniversário de 29 anos, gostava de olhar para ele e
lembrar-se dela, de lembrar-se do Ramireze que vinha até o seu dedo para que
ele fizesse carinho, do Labeo Frenatus que aterrorizava os outros peixes como
Jibóia fazia a muitos anos atrás, dos seus três Matos-Grossos que iam fazer
dois anos em breve.
Três aquários, os três melhores presentes da vida de Vitor, todos dados
em seu aniversário, todos dados por pessoas importantes e todos com suas
próprias histórias.
Gustavo Campello
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