Vitor estava indo assistir ao seu
terceiro show do Superchunk no Brasil, tinha orgulho de dizer que estava
presente no primeiro show deles por aqui em 1998, foi sozinho, em São Paulo,
fez alguns amigos, pegou o telefone de uma garota, porém nunca teve coragem de
ligar de volta. Ele era assim. Tímido. Lembrava das bandas de abertura, Pin
Ups e Wry, ambas detonaram. Quando o Superchunk entrou foi do
caralho! Parecia que pessoas caíam do teto, seu rosto foi acertado por tênis,
cotovelos, bundas e bocetas. As vezes ele nem sabia se estava em pé mesmo ou de
ponta cabeça. Acertou um ombro no queixo de uma garota que teve a língua
partida e saiu correndo pra enfermaria. Eram os melhores anos de sua vida,
vestido todo de preto, suando bicas e aproveitando o show. A melhor parte foi
quando a corda do baixo da Laura Ballance estourou no meio de Precision
Auto e a banda ficou improvisando até ela colocar novas cordas, afinar as
mesmas e voltar pro mesmo ponto onde a música havia sido interrompida.
O segundo show no ano 2000 foi também
muito bom, Jorge e Marcel haviam ido com ele, estavam comendo um cachorro
quente antes de entrarem e na fila perceberam que a banda estavam na frente
deles sendo barradas porque não tinham ingresso – We Are The Band! – dizia Mac
McCaughan para o segurança que não entendia nada do que ele dizia. O Show
teve só grandes músicas e Vitor pode voltar para casa cheio de hematomas e com
um autógrafo da Laura Ballance no CD Here’s Where The Strings Come In
que conseguiu depois do show com a ajuda de Jorge.
Agora era o ano de 2011, tanta coisa
havia acontecido, era estranho ir ver o Superchunk de novo, durante o
show foi como se tivesse se transportado para aqueles idos anos 90. Estava
usando aquela velha e surrada camiseta com o rosto do Kurt Cobain
estampado em preto e branco. Quem conheceu Vitor naquela época com certeza o
viu vestindo esta camiseta, era quase como um uniforme. Tinha escolhido ir com
ela porque era hora de aposentá-la, talvez a colocasse em um quadro como havia
sugerido Beatriz. Iria sentir falta daquela camiseta como sentia falta do
passado. Se ele parasse pra pensar direito talvez não sentisse falta do
passado, porque ele nem foi tão bom assim, mas era bom fantasiar somente com as
coisas boas. Sentia saudades até de lembrar-se do desespero de nunca conseguir
pegar nenhuma garota em nenhuma festa.
O terceiro show do Superchunk
acabou, os anos 90 também e o mais estranho de tudo é que ele não estava com
nenhum hematoma, nenhum pé ou cotovelo o havia acertado e a Laura não
era mais gostosa, foi então que se deu conta de como as coisas haviam mudado.
Gustavo Campello
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