Era
aniversário de José Marcelo, o melhor amigo de Vitor no clube em que trabalhava.
Ambos eram como parceiros no trabalho, José Marcelo interpretava o policial
bonzinho enquanto Vitor o policial malvado. Quando eles apareciam as crianças
paravam de fazer bagunça na hora, tinham o maior índice de suspensão de
clientes por mal comportamento e se orgulhavam disso.
Vitor foi
até todos os funcionários que trabalhavam no mesmo setor do clube e foi fazendo
uma coleta para comprarem um presente, tinha pegado uma boa grana, pensou no
que comprar – uma cachaça – foi a idéia. José Marcelo adorava uma branquinha,
Vitor que não era muito fã, aprendeu a apreciar nas saídas com o amigo.
Vitor
usou o dia de sua folga para ir até uma loja de bebidas finas que tinha na
cidade, bem longe de sua casa. Pegou o ônibus, andou uns 20 minutos por causa
do trânsito e chegou na loja que era um paraíso. Gin, Whiskey, Run, Cerveja,
Tequila, Cointreau, Cachaça e uma infinidade de outras bebidas. Comprou a
cachaça mais cara que o dinheiro que tinha podia comprar, ela vinha de um
alambique de renome. Voltou pra casa depois de andar mais 30 minutos de ônibus
com um trânsito desgraçado e chegando próximo ao seu apartamento viu Walter,
seu amigo, ao longe.
- Hey
Vitor! – gritou Walter.
Vitor foi
cumprimentar o amigo e tirou a sacola que carregava a cachaça da mão direita
para a mão esquerda, porém a sacola escorregou e a garrafa se quebrou inteira
levantando aquele cheiro de álcool que era tão agradável para Vitor.
-
Maldição! – disse Vitor.
Disse
tchau para Walter rapidinho e voltou a pegar o ônibus de volta para a loja, 40
minutos depois estava lá puto da vida, comprou outra cachaça com o próprio
dinheiro, embalou a bebida como se fosse um filho recém nascido e voltou para
casa depois de 50 minutos. Chegando lá tomou um banho para ir ao bar encontrar
José Marcelo. Sempre se encontravam para beber no final da tarde já fazia
alguns meses.
Chegou lá
com a sacola toda chique da loja e deu o presente para o amigo.
- Feliz
aniversário!
- Porra,
não precisava de presente – José Marcelo abria o pacote, quando olhou a cachaça
logo disse – pensando bem, precisava sim!
Ficamos
olhando aquela cachaça com uma vontade louca de beber, o dono do bar disse que
teríamos que pagar a rolha para abrir ela ali.
- Mas
garrafa não tem rolha meu filho – disse Vitor puxando briga.
- Então
vai ter que pagar a tampa – disse o garçom com cara de bosta.
-
Desencana – José Marcelo tentava apaziguar a situação como sempre dando uma de
policial bonzinho – vamos tomar nossa cerveja e depois vamos pra casa abrir
essa branquinha.
- Tudo
bem – disse Vitor vencido – é seu aniversário, você decide.
O garçom
se afastou com cara de vitorioso que fez com que Vitor fizesse uma careta, José
Marcelo ria olhando a garrafa da cachaça na sua mão, depois a guardou na caixa,
embalou ela na sacola como se fosse o seu filho recém nascido e foi pendurá-la
na lateral de sua cadeira, porém a sacola escorregou da cadeira e a garrafa se
partiu no chão levantando aquele cheiro de álcool que era tão agradável para os
dois.
- Filho
da Puta – disse Vitor não acreditando na situação – se eu te contar o que me
aconteceu hoje...
Gustavo Campello
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