terça-feira, 5 de outubro de 2010

EMPURRANDO O FUSCA



Era meia noite, Vitor estava bêbado em casa e o telefone tocou.

- Alô?

- Vítor?

- É ele!

- É o Mario!

- Aquele que me comeu atrás do armário? – piadinha de praxe que Vitor sempre falava quando ele ligava.

- Preciso de uma mão, acabou a bateria do meu Fusca. To há três quarteirões da sua casa.

- Vem pra cá.

- Nem, preciso que me ajude a empurrar esta bagaça até em casa.

Mario morava há uns cinco quilômetros de distância, ia ser uma bela de uma empurrada, Vítor pensou no trabalho que ia dar e estava pensando em alguma desculpa, mas depois imaginou o mico que ia ser, não é todo dia que se empurra um Fusca do centro da cidade até a casa do Mário e achou que ia ser divertido.

- To indo praí!

Chegando lá, Mario estava de pijama esperando por ele.

- Mas que merda, porque está de pijama?

- Não achei que o carro ia pifar, porra! – Mario estava indo buscar a namorada, na rodoviária, mas devido ao ocorrido ela já tinha ido pra casa de taxi mesmo.

Começaram a empurrar o carro, Vitor nunca tinha imaginado que um Fusca pesava tanto, estavam ainda na avenida principal e já suavam bicas, passaram por um carrinho de cachorro quente lotado de gente e todos olharam para a cena, um bêbado e um cara de pijama empurrando um Fusca.

- Hahahahahaha, força aí!

- Olha a roupa daquele cara!

Vitor parou pra acenar pro pessoal enquanto Mario empurrava sozinho o Fusca dando risada, ambos não davam a mínima para a gozação, se tinha alguém como Vitor que não ligava de pagar mico era o Mario. Se o Jorge ou o Walter estivessem ali, ambos abaixariam a cabeça e ficariam vermelhos.

Continuaram empurrando o Fusca prateado fazendo poses de fodões.

- Se meu pai me visse agora ia dizer que eu sou macho – disse o Mario.

- Se meu pai me visse agora ia me chamar de idiota – disse Vitor.

Depois de muito esforço chegaram a casa onde Mario morava com a namorada Larissa, a garagem em compensação era uma rampa pra cima e o carro não subia nem fodendo.

- E agora?

- Porra, trouxemos o carro até aqui pra não conseguir enfiar na garagem?

- Vamos dar um impulso!

Arrastaram o Fusca alguns metros pra trás da garagem e miraram no portão.

- Super Gêmeos, Ativar – gritou o Vitor no meio da rua enquanto Mario tocava na sua mão.

- Em forma de um gigante de gelo – gritou o Mario.

- Em forma de um rinoceronte – gritou o Vitor.

Empurraram com o toda a força que tinham, o carro subiu a rampa e bateu com o pára-choque na parede.

- Pelo menos entrou! – Vitor disse tentando consolar.

- Certo – Mario olhava o amassado – tem cerveja aí, vamos entrar.


Gustavo Campello

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