Zlatko come
um snack, desses que se acha em qualquer lugar para pegar. Ele não pensa. Tudo
o que passa pelo cérebro dele é um fluxo contínuo do coletivo. Ele não é um
indivíduo. O membro mais distante de todos os outros do Formigas de Mercúrio.
Zlatko faz parte da consciência coletiva, pensa igual todo mundo e vive igual
todo mundo. De todos os membros da banda é o que vive no Edifício há mais tempo
que qualquer outra pessoa conhecida, já fazia uns mil anos? Talvez um pouco
mais ou talvez um pouco menos.
Só está no
grupo porque toca baixo como ninguém, o instrumento é a única coisa que difere
ele dos despertos e dos seres sem coração que vivem com vermes crescendo em
seus braços. O instrumento é uma extensão de seu corpo, ele sente como se
sofresse uma simbiose enquanto seus dedos tocam as quatro cordas.
Ele nãos se
preocupa com o Deus-Fungo, não se preocupa com os duendes mecânicos, com o
Edifício, de onde veio ou para onde vai. Zlatko só quer tocar seu baixo, todo
sábado às 10:15pm.
Se um médico
tirasse uma radiografia da sua cabeça, o que ele veria?
Cogumelos,
cogumelos e cogumelos por toda parte! Deus-Fungo é onipresente em Zlatko. Todos
tem aquele medo interno de falar qualquer coisa na frente dele. É um frio na
espinha que ninguém sabe explicar. Zlatko não é o Deus-Fungo, mas é um agente
de longa data, infectado em todo o seu cérebro. Coitado. Pobre Zlatko.
Faça isso!
Faça aquilo! Coma! Viva feliz! Não faça perguntas! Bom menino! Sirva de
alimento ao grande Deus-Fungo que usa seu cérebro como motel de vez em quando.
Zlatko é um
pobre coitado, faz parte da massa, sua vida nunca vai mudar. Quando o Formigas
de Mercúrio não existir mais ele vai continuar por aí, em outra banda, em uma
carreira solo. Quem sabe? Remando junto com a galera, sempre em favor da
correnteza.
Ele é
carismático, é o cara que pega as garotas. Tem pose de guitarrista, todos os
fãs do Formigas de Mercúrio lembram dele antes de Ferzan. Coisa estranha. O
guitarrista costuma ser lembrado antes, não? Competir com Zlatko é difícil, é
carismático mesmo sento calvo. Não me pergunte o que carismático tem haver com calvície.
Ferzan raspa a cabeça porque quer, ou não? Zlatko deixa os cabelos do lado, que
se dane o aeroporto de mosquito em cima!
Foda-se o Deus-Fungo! Foda-se o duendes
mecânicos! Zlatko quer se divertir! Sem pensar, sem se comprometer! Nada vai
mudar... Nunca!
Gustavo Campello
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