Dedicado a
Leonard Nimoy
E morreu uma
lenda, sempre achei uma tremenda idiotice essas pessoas que se apegam a ídolos
e se sentem parentes e pessoas próximas deles, choram quando morrem e coisa e
tal, daí o Lou Reed morreu e entendi mais ou menos tudo isso.
O fato é que
eu era uma criança esquisita, viciada nas séries Os Invasores e Jornada nas
Estrelas enquanto todo mundo ia a festinhas e só pensava em pegar garotas. A
verdade é que aos 13 anos uma garota destruiu meu coração, depois de uma semana
de muita coisa rolando em um quarto de hotel em uma excursão com meus avós, não
estava preparado quando ela me deu um pé na bunda, deve ter sido ainda pior do
que minha memória me permite lembrar, porque mesmo depois de vinte anos ainda lembro
o nome inteiro e do endereço completo dela.
Então
larguei tudo e virei o Spock, isso mesmo, eu fui o Spock. 14 anos de idade, sem
sentimentos, sem laços sentimentais e olhando tudo pelo lado lógico. Spock era
o meu ideal, um objetivo a ser alcançado, um muro que me protegia do que tinha
lá fora. Iniciei meu Kolinahr e minha vida nunca mais foi a mesma. Perdi minha
adolescência, a verdade é essa, mas não é qualquer um que pode dizer que já foi
o Spock. Arrependimentos? Com certeza, mas a vida segue e carrego o Spock como
um estigma de anos grudado no meu ser.
Quando
recebi a notícia de que ele havia morrido foi meio que um choque, era como se
tivesse morrido uma espécie de tutor, algo assim. Chorar? Seria ilógico. Pra
que diabos eu treinei durante anos pra nem sequer sentir cócegas e chorar
agora? A verdade é que eu não sou mais o Spock, depois de muita terapia é
claro, mas é uma parte de mim, eu gostando ou não.
Assisti dois
capítulos da série clássica neste dia e percebi que o Spock não havia morrido,
quem morreu foi um ator chamado Leonard Nimoy, que teve uma enorme importância
na minha vida e de milhares de outras pessoas, o Spock continua vivinho da
silva em séries, livros, quadrinhos e filmes.
Que a
memória deste ator possa continuar tendo uma vida longa e próspera dentro de
nossos corações (independente do quanto tentamos fingir que não sentimos nada).
Gustavo Campello
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