quarta-feira, 11 de março de 2015

EU FUI SPOCK



Dedicado a Leonard Nimoy

E morreu uma lenda, sempre achei uma tremenda idiotice essas pessoas que se apegam a ídolos e se sentem parentes e pessoas próximas deles, choram quando morrem e coisa e tal, daí o Lou Reed morreu e entendi mais ou menos tudo isso.

O fato é que eu era uma criança esquisita, viciada nas séries Os Invasores e Jornada nas Estrelas enquanto todo mundo ia a festinhas e só pensava em pegar garotas. A verdade é que aos 13 anos uma garota destruiu meu coração, depois de uma semana de muita coisa rolando em um quarto de hotel em uma excursão com meus avós, não estava preparado quando ela me deu um pé na bunda, deve ter sido ainda pior do que minha memória me permite lembrar, porque mesmo depois de vinte anos ainda lembro o nome inteiro e do endereço completo dela.

Então larguei tudo e virei o Spock, isso mesmo, eu fui o Spock. 14 anos de idade, sem sentimentos, sem laços sentimentais e olhando tudo pelo lado lógico. Spock era o meu ideal, um objetivo a ser alcançado, um muro que me protegia do que tinha lá fora. Iniciei meu Kolinahr e minha vida nunca mais foi a mesma. Perdi minha adolescência, a verdade é essa, mas não é qualquer um que pode dizer que já foi o Spock. Arrependimentos? Com certeza, mas a vida segue e carrego o Spock como um estigma de anos grudado no meu ser.

Quando recebi a notícia de que ele havia morrido foi meio que um choque, era como se tivesse morrido uma espécie de tutor, algo assim. Chorar? Seria ilógico. Pra que diabos eu treinei durante anos pra nem sequer sentir cócegas e chorar agora? A verdade é que eu não sou mais o Spock, depois de muita terapia é claro, mas é uma parte de mim, eu gostando ou não.

Assisti dois capítulos da série clássica neste dia e percebi que o Spock não havia morrido, quem morreu foi um ator chamado Leonard Nimoy, que teve uma enorme importância na minha vida e de milhares de outras pessoas, o Spock continua vivinho da silva em séries, livros, quadrinhos e filmes.

Que a memória deste ator possa continuar tendo uma vida longa e próspera dentro de nossos corações (independente do quanto tentamos fingir que não sentimos nada).

Gustavo Campello

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