quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O PUTO DO PAPAI NOEL É UM TARADO



Não existe capitalismo no Edifício, nada se compra, tudo se consegue pedindo aos outros, todo material floresce em meio as máquinas que tudo produzem. Não existe dinheiro, não existe ganância, não existe fome ou pirâmides sociais. Homens trabalham em bares, restaurantes e em outros lugares quando não possuem aptidões para fazer outra coisa, outros produzem arte: músicas, livros, grafites, entre tantas outras coisas.

Ninguém mexe nas máquinas, isto é certo, as máquinas sempre existiram e se auto ajustam, mexer nas máquinas é um sacrilégio.

A população que sonha com o Mundo Posterior não entende sobre os assuntos econômicos abordados nestas projeções que na maioria das vezes se tornam pesadelos. No Natal as pessoas se sentam as mesas e aproveitam as companhias uma das outras, na maioria das vezes não há presentes físicos, quando há é um quadro pintado de próprio punho, uma música composta recentemente, um livro escrito, sempre coisas feitas por quem está presenteando.

Bram preparou uma noite de amor para Imala.

Ferzan compôs uma música para todos os conhecidos, tudo bem que sejam letras do Mundo Posterior, ninguém se lembra de detalhes como ele daquele lugar mesmo.

Imala resolveu não dar porra nenhuma pra ninguém.

Tariq adquiriu um monte de drogas e resolveu passar o Natal chapado.

Zlatko foi viajar para o 7432º andar.

Nesta época do ano as pessoas sonham muito mais no Edifício, sonham com um velho vestido de vermelho com uma barba branca, não gostam daquele velho escroto, se ele aparecesse no Edifício teria o rabo chutado até o Subterrâneo. É o símbolo de uma sociedade fadada ao fracasso, símbolo de ganância e um consumismo que ninguém no Edifício tem capacidade para entender. Odeiam aquele idiota que entrega presentes para os anões com pele de borracha.

Bram sonhou uma vez com uma anãzinha com pele de borracha que havia sido seqüestrada por um velho de vermelho e barba branca, foi estuprada cinco vezes antes de ser espancada e morta pelo bastardo. Que tipo de sádico é este que compra presentes e tem vontade de estuprar uma anã com pele de borracha? Nunca conseguiu entender este sonho.

Não há este tipo de comportamento no Edifício, os Duendes Mecânicos fazem um bom trabalho neste sentido. Trazem ordem em meio ao caos da individualidade. Não há violência em uma colméia, pois os Duendes Mecânicos funcionam como uma Abelha Rainha, mas é bom lembrar que não existem anões com pele de borracha por lá também.

Gustavo Campello

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