Ela acompanha com seu olhar cada gesto
dele, cada movimento. Enquanto ele está no palco cantando é como se fosse a
única pessoa no Edifício para ela, é como se em todos os andares só existissem
os dois. Imala ama Bram como talvez nem ele mesmo compreenda.
Não importa que este amor seja real ou
não, pois é fato que todos os sentimentos humanos não passam de reações
químicas no cérebro. Os duendes mecânicos já sabem disso há muito tempo, é só
obter a reação química correta que todos os seres humanos são facilmente
manipulados. Imala não passa de uma experiência pelas mãos dos duendes mecânicos.
O amor que sente por Bram é apenas o elemento químico certo usado no momento
apropriado.
Enquanto ele canta aquela música em que
diz...
Eu assisto as ondulações alterando seus
tamanhos
Mas nunca deixa a corrente
De impermanência morna e
Assim os dias flutuam por meus olhos
Mas ainda os dias parecem os mesmos
E as crianças em que você cuspiu
Enquanto tentam mudar os mundos deles
São imunes as suas consultas
Eles estão perfeitamente conscientes do
que estão passando
...Ela desperta de tudo e passa a odiá-lo,
mas sabe que é um ódio por causa das manipulações inconscientes que passou pela
mão de seus pequenos inimigos cibernéticos. Porque mesmo sem a alteração
química ela o amaria facilmente sem interferência nenhuma.
Mas porque o ódio e o despertar de tudo
acontece só no trecho desta música?
Imala não imagina que as canções de Ferzan
não são compostas por ele, imagina menos ainda que esta em específico fosse
composta pelo Maquinista.
O amor dela é menor e menos válido por
culpa dos duendes mecânicos?
O sexo tem um menor significado? O pau na
sua boca é menos gostoso? O arrepio que sente quando goza é pura fantasia
daqueles putos duendes mecânicos? Imala, se tivesse consciência de tudo o que
tem passado, não acreditaria nisso nem em um milhões de anos. Por mais que
tenha alterações químicas no seu cérebro teria amado Bram de qualquer jeito, um
dia ela vai conseguir provar que sim, mas até lá seu cérebro vai ser uma massa
de modelar entre dedos de alumínio e porcas e parafusos que servem como
ligamento.
Ele ainda canta, outra música, ela
continua hipnotizada, o ódio passou, tudo o que quer é ir pra casa e dormir
depois de uma boa foda.
Gustavo Campello
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