Dizem que
nossos primeiros amigos são nossos irmãos, no meu caso é bem verdade. Venho de
uma família grande com cinco filhos, ou seja, tive quatro irmãos. Eu me dava
bem com a minha irmã mais velha, mesmo sendo tão diferente dela e tendo uma
diferença de idade de cinco anos. Eu era o filho mais tímido e gostava de ficar
no meu canto, enquanto ela gostava de ir a baladas, sempre com namorados e
parecia curtir a vida. Conforme fui crescendo comecei a achar a vida dela tão
vazia que depois de muito tempo comecei a preferir a minha vida cercada de
livros e filmes. Ela era a mais inteligente de todos os cinco, disto eu tenho
certeza, mas acho que ela escolheu ser uma pessoa comum e dar descarga no
cérebro dela a anos atrás.
Depois
dela nasceu meu irmão mais velho, foi o meu melhor amigo pra toda a vida, nos
dávamos super bem, éramos parecidos em tudo, gostávamos das mesmas coisas,
ouvíamos as mesmas músicas, discutíamos sobre os mesmos assuntos e líamos os
mesmos livros. Tínhamos uma diferença de idade pequena, menos de dois anos. Ele
era craque no videogame e eu sempre o fazendo ler meus gibis. Quando ele atirou
na própria cabeça ninguém entendeu nada. Minha vontade de ir pro espaço só
aumentou e a família nunca mais foi a mesma. Ele parecia ser o filho modelo,
tinha um bom emprego, uma namorada e uma vida regrada... Essa era a única
diferença entre nós dois, enquanto ele era o modelo a ser seguido eu era a
ovelha negra. Acho que as cobranças foram demais pra ele, mas acho que nunca
vamos saber realmente.
Logo
depois que eu nasci logo veio minha irmã mais nova, chata pra caramba. Mimada,
briguenta, fresca, metida, ignorante, retardada, mal educada, entre muitas
outras coisas. Nunca me dei bem com ela, brigávamos o tempo inteiro... Na
verdade ela brigava o tempo inteiro, com meus pais, com meus irmãos, com suas
amigas, com os vizinhos, com todo mundo. Já faz uns dez anos que não tenho
nenhum contado com ela, chegou um momento em que não tínhamos mais nada para
dizer um ao outro. Foi a pessoa mais difícil com quem convivi e quando
finalmente sai de casa foi um alivio deixá-la para trás na minha vida.
Por
último veio o meu irmão mais novo e sempre tivemos uma excelente convivência.
Ele tentava me copiar em tudo e eu tentava fazer dele uma pessoa legal. Ele lia
meus gibis, ouvia minhas músicas e tudo o mais. Os três garotos se davam bem,
mas o pequeno sempre era excluído em várias coisas. Meu irmão mais velho e eu
comprávamos doces e esperávamos ele dormir para comermos sem ele. Quando
cresceu dei uma força pra ele quando ele mais precisou e quando virei as costas
ele roubou minha Silvana. Desgraçado maldito! Gostaria que ele morresse antes
de mim, olho para o Planeta Terra e torço para que tenha uma tempestade em
algum lugar que lhe caia um raio na cabeça, mas as chances são muito pequenas.
Irmãos
realmente são nossos primeiros contatos com a amizade, depois vieram muito
mais, amigos de escola, amigos de trabalho, amigos de faculdade, mas é na
família que tudo começa.
Olho para
as estrelas e só agora me dou conta de que falta pouco para encontrar com meu
irmão seja lá onde ele estiver. Isto me deixa um pouco mais feliz. Meus
músculos se descontraem pela primeira vez desde o acidente.
- Estou
indo – sussurro para ele – espero que possa me ouvir!
Gustavo
Campello
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