domingo, 5 de agosto de 2012

DIVAGAÇÕES SOBRE EXTRATERRESTRES



Quando eu era pequeno, sempre que havia uma prova de matemática, eu torcia para que uma nave espacial me levasse embora. Algumas vezes eu acreditava tanto que isto ia acontecer que eu nem estudava para a prova. Nunca aconteceu.

Cresci e parei de acreditar em alienígenas, não que eu ignoro a existência deles, mas não acredito que de todos os cantos do universo eles fiquem voando pelo nosso planeta. Quais as chances disso? Se eles têm naves espaciais que percorrem enormes distâncias em um curto espaço de tempo, porque diabos estariam sobrevoando o nosso planeta insignificante? Não, definitivamente não acredito em alienígenas por aqui... Digo... Por ali, no planeta Terra.

As vezes eu achava que meus pais iriam chegar para mim e dizer “Filho, temos um segredo para lhe dizer” – eu ia achar que eles estavam se separando, mas então – “Na verdade somos extraterrestres e temos que ir embora daqui” – e tudo estaria explicado, o motivo por eu não me encaixar, o sentimento de ser diferente. Pensando agora não sei se seria uma boa, acho que o nível de matemática de uma civilização que constrói discos voadores deve ser muito mais difícil.

A matemática sempre foi um obstáculo, mas foi algo que venci para me tornar astronauta. As provas e testes não foram fáceis.

Venci a matemática para morrer no espaço.

Tenho que parar de pensar que vou morrer no espaço, não adianta nada ficar todo minuto pensando nisso, as coisas não vão mudar se eu ficar reclamando e não quero morrer como um velho rabugento... Reclamando de tudo...

Queria conhecer um planeta onde as pessoas tivessem uma cultura de aversão a acúmulo e ostentação de riqueza. Onde o que realmente importa é viver em harmonia com o ambiente e os outros seres vivos, respeitando e se importante em evoluir mental e espiritualmente. Porque precisamos criar um planeta assim em nossas mentes? Porque não fazer do nosso planeta um exemplo?

Se eu fosse um extraterrestre e viesse para a Terra com o meu disco voador, não bastaria nem quinze minutos para que eu desse as costas para este planeta e fosse embora correndo para nunca mais voltar.

Devíamos ter vergonha de sermos como somos.

Gostaria de falar para algum ser de fora – Sinto muito – começaria – mas eu sinto vergonha por ser lá daquele planetinha azul e insignificante.

- Você é lá daquele planetinha azul e insignificante? – ele diria assustado e sairia correndo logo depois para não ter contato com ninguém da Terra. Se extraterrestres existem, então acho que ele tem medo de nós.

Tudo o que tocamos, nós corrompemos.

Tudo o que enxergamos, nós queremos.

Tudo que sonhamos, nós sonhamos apenas para nós. Porque somos egoístas.

Talvez seja bom morrer longe de tudo isto, sem a presença de todas essas coisas negativas ao meu redor. Acho que vou gostar de morrer sem ninguém invejoso ao meu lado. Sem a tristeza de olhos marejados de quem amamos a nos olhar doentes em uma cama.

Olha só eu de novo, reclamando, mas que velho rabugento eu me tornei.

Gustavo Campello

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