Eu já
reagi a assaltos com facas, já reagi a assaltos com armas, já arrumei brigas na
rua, já dormi na calçada e muito provavelmente já matei um homem, bati tanto na
cabeça dele que nem me importei depois que me afastei deixando-o lá
desacordado. Foi ele quem começou, um tremendo idiota, tentou me assaltar,
então não tenho a menor pena.
Pensando
nisto mais racionalmente percebo que não tenho o menor medo de morrer e durante
muito tempo procurei pela morte meio que sem sucesso, acho que não era a minha
hora, acho que as coisas são pra ser como são, ou quando a gente procura demais
por ela nos tornamos meio que imunes a certos percalços.
Prefiro
morrer do que viver como a maioria das pessoas, do que ser parte da massa de
imbecis que de geração em geração ganham cada vez menos para sobreviver e
sustentar mega corporações com o custo de seus suores e anos de vida, de robôs
condicionados a criar uma suposta sociedade onde tudo o que fazemos é assistir
nossas vidas esvaindo-se como grãos de areias entre dedos inescrupulosos de
políticos corruptos e aceitar que leis e normas nos mastiguem como urubus e
abutres mordiscando carniças.
Prefiro
ver minha vida se esvaindo em nada, prefiro estar a parte e dar risada da
suposta sociedade ridícula em que eu deveria viver e me contentar, seguindo
partituras pré ensaiadas que ditam como eu deveria me vestir, falar, comer ou
cagar. Escarro minha escatológica filosofia barata em qualquer um porque é tudo
o que eu tenho, é tudo em que acredito, é tudo o que me restou.
E daí que
eu nunca vou ser feliz vivendo como eu vivo? Agora eu já vi toda a peça por
trás da cortina, não tem mais como entrar em cena e fingir que tudo é real,
fingir que eu sigo algum script quando na verdade tudo o que eu faço é
improvisar.
Eles podem
até sugar o meu sangue, mas pelo menos eu sei que ele está sendo sugado.
Vitor Scaglia
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