Então
você foi embora, fiquei parado em frente ao meu portão vendo o seu carro se
afastar lentamente até sumir rua abaixo.
Em
casa, depois de quase dois meses, ainda está na janela o copo onde bebeu água
pela última vez, sua toalha permanece pendurada no banheiro e inúmeros
badulaques seus eu coloquei em uma caixa de plástico. Não chorei, só fiquei
deitado na cama durante sei lá quantos dias sem entender direito o que tinha
acontecido, ainda não chorei.
No
mundo virtual me deparo com um meme que diz: “Uma das coisas mais difíceis da
vida é não falar mais com quem você falava todos os dias”.
Vontade
de jogar o celular na parede.
Sinto-me
em animação suspensa, dentro daqueles tubos de vidro, completamente congelado
enquanto o mundo lá fora está em constante modificação, em completa metamorfose
em um mundo em que não me encaixo mais. Odeio tecnologia, mas é só assim que as
pessoas se conectam hoje em dia.
Sozinho.
Seguimos
caminhos opostos, seu carro descendo a rua e eu ficando aqui, nesta tumba suja
e empoeirada que é esta casa sem você, mas ainda não chorei, devo ter perdido
todos os meus sentimentos, devo ter virado aquela pedra de gelo que você tanto
me acusava de ser.
Sem
levantar da cama assisto a um filme depois do outro. Totò tenta me fazer rir
sem sucesso, Steve McQueen interpreta um cara frio e escroto que me obriga a
encarar meus defeitos e Jack Lemmon me salva de cair no fundo do poço.
Nada
vai ser como antes, já estive neste exato momento mais de uma vez, mas quanto
mais envelheço mais difícil fica de estar aqui de novo e de novo e de novo.
Olhando a imensidão do mundo como se fosse o último homem nele. Sozinho de
novo.
Revivo a mesma cena, de olhos abertos e fechados, a cena do seu carro descendo a rua, e eu sou como o Jack Lemmon no final daquele filme, olhando pela janela a mulher que ama ir embora, porque se ele não a amasse, então terminaria o filme com ela.
Gustavo Campello
Revivo a mesma cena, de olhos abertos e fechados, a cena do seu carro descendo a rua, e eu sou como o Jack Lemmon no final daquele filme, olhando pela janela a mulher que ama ir embora, porque se ele não a amasse, então terminaria o filme com ela.
Gustavo Campello
Olha, só o tempo pra resolver isso. Ou não, cada caso é um caso e só quem senti sabe. Mas assim como você já se acostumou com outras, essa não será diferente. Enfim.
ResponderExcluirBoa tarde, abraço.
"porque se ele não a amasse, então terminaria o filme com ela." Ah, sei lá. Acho mais terminaria a vida como ela, embora fosse ela a empurrá-la para o buraco. O final é triste mesmo, mas é o único cabível.
ResponderExcluirFosse ele a empurrá-la para o buraco. Lamento o erro.
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