“Mas
onde se deve procurar a liberdade é nos sentimentos.
Esses
é que são a essência viva da alma”
Johann
Goethe
Se um passarinho é criado a
vida inteira dentro da gaiola, dizem que ele não sobrevive se você o soltá-lo,
mas talvez as horas em liberdade sejam os únicos momentos da sua existência que
tenham valido a pena.
Vivemos sob grilhões
invisíveis. Somos escravos de nós mesmos. Colocamos grades nas janelas para
deixar o perigo lá fora, mas somos nós que perdemos a liberdade. Somos como
passarinhos na gaiola, mas e se resolvermos ir viver lá fora? Será que não
sobreviveremos? Será que não valerá à pena?
É somente na completa solidão
que conseguimos nos entender completamente. Já dizia Fernando Pessoa que um
homem que não pode viver na solidão é escravo das outras pessoas... Algo
assim... Sempre fui escravo das outras pessoas. Deixei de fazer muita coisa e
de sonhar com inúmeras possibilidades por causa dos outros. Achava que devia
algo a meus pais, meus irmãos, amigos e namoradas. Deixei de viajar pelo mundo
com uma mochila nas costas para que eles não ficassem preocupados comigo.
Deixei de prestar assistência humanitária em guerras para que eles não tivessem
que me enterrar, deixei de enxergar a vida com menos responsabilidade porque
achava que eles esperavam demais de mim... E talvez esperassem.
Mas e o que eu esperava de
mim?
Ah, eu esperava muito mais.
Muito mais felicidade, amor,
dinheiro, realização, fraternidade, respeito, atenção, carinho e muitas outras
coisas que tive, mas não na medida em que eu esperava. Não na medida em que eu
queria.
Agora, aqui no espaço, eu sou
livre. Alcancei minha libertação de tudo e de todos e agora tenho que encarar e
abraças a morte com a mesma intensidade que busquei a liberdade, porque senão o
ciclo não estará completo.
A morte não é a libertação de
tudo, você pode se libertar dos grilhões invisíveis e continuar vivo. Eu apenas
dei azar. A libertação deve vir antes da morte e não com ela. Agora eu entendo.
É preciso estar atento aos
sentimentos para saber o que você quer. Quem você é.
Eu sou um astronauta, que ama
a humanidade, que queria estar naquele planeta cheio de problemas e viver uma
vida plena, feliz, cercado de pessoas com quem me importo. A felicidade só é
possível cercado dessas pessoas, mas é preciso entender que elas não são
necessárias, pois um dia elas vão embora e sua vida vai continuar sem elas. Vão
morrer ou seguir caminhos diferentes. E é nessa hora que é preciso entender que
por mais que elas sejam especiais e você as ame, é preciso abrir a porta da
gaiola e deixá-las voar.
Vocês que me amam. Todos
vocês. Agora é à hora de abrir a porta da minha gaiola e me deixar voar.
Estou livre.
Obrigado.
Gustavo
Campello
Nenhum comentário:
Postar um comentário