Enquanto estou
flutuando neste infinito com espaços vazios demais entre mim e qualquer outra
coisa que exista é que eu percebo como tudo ao meu redor é frio, só então eu me
dou conta que termos como “frio” e “vazio” são quase sinônimos da minha
existência quando o assunto é o amor.
Cheguei a ser cruel
com algumas mulheres é bem verdade, agora me arrependo, podia ter sido feliz
com qualquer uma delas. Não que eu preferisse estar agora sentado em um sofá,
assistindo ao futebol e acariciando minha enorme barriga com uma lata de
cerveja ao meu lado enquanto minha suposta esposa cozinha um filé com fritas na
cozinha, não, prefiro mil vezes morrer entre as estrelas do que ter tido uma
vida medíocre, não vou ser hipócrita só porque tenho oxigênio para algumas
horas, não vou cair naquele clichê barato face a face com a morte, pois nunca
desconsiderei os riscos desta profissão, ser astronauta não tem nada haver com
minha abdicação do amor.
O amor é uma coisa
que nos pega de surpresa, mas não é só a vontade de estar junto com o outro,
não é só os prazeres do sexo e muito menos a vontade de perpetuar seu sangue...
O amor é principalmente respeito... Teve uma garota por quem acho que fui
apaixonado aos meus quinze anos, nunca a beijei, nunca transei com ela, mas
podíamos ficar conversando por horas a fio e ambos respeitávamos os sentimentos
do outro, talvez ela me amasse, por isso tentou esconder de mim que estava
saindo com um cara mais velho, por outro lado talvez eu também a amasse e por
isto sempre fiz de tudo para que ela nunca soubesse das garotas com quem eu
saía. Acho as vezes que nem sequer desconfiávamos que o nosso amor existisse,
foi uma pena, pois acabamos nos distanciando um do outro para que não nos
machucássemos.
Aos vinte e dois
anos pedi para minha namorada abortar uma gravidez inconseqüente, ela se negou
no começo, mas acabei por convencê-la... Não pensei nela e nem no bebê... Só
conseguia pensar em mim, não queria ser pai, não queria aquele bebê e
principalmente não queria ter que olhar para a cara daquela garota para o resto
da minha vida. Pensei durante muito tempo depois como seria a nossa vida se
tivéssemos ficado com a criança, isto pesa no meu coração hoje, na hora nem me
passou pela cabeça se aquilo teria algum efeito sobre mim ou não. Ela nunca
mais quis me ver e o rosto dela me vem a mente nitidamente neste momento, fico
imaginando se por algum momento eu a amei.
Existe um amor que
passe?
É esta pergunta que
me faz acreditar que eu nunca tenha amado ninguém. Talvez só tenha sentido
paixão. Sorte daquele que ama, pois quando me faço esta pergunta a única
resposta que me vem a mente é “não”, o amor puro e verdadeiro é aquele que
perdura pelo tempo, que é infinito como este especo que me vejo vagando agora.
Estou sozinho, mas
não quero pensar na solidão.
A única coisa que
eu realmente gostaria de ter feito na vida é de ter amado alguém, mas acho que
não consegui, espero estar errado sobre isto.
Gustavo
Campello
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