domingo, 20 de maio de 2012

DIVAGAÇÕES SOBRE O AMOR



Enquanto estou flutuando neste infinito com espaços vazios demais entre mim e qualquer outra coisa que exista é que eu percebo como tudo ao meu redor é frio, só então eu me dou conta que termos como “frio” e “vazio” são quase sinônimos da minha existência quando o assunto é o amor.

Cheguei a ser cruel com algumas mulheres é bem verdade, agora me arrependo, podia ter sido feliz com qualquer uma delas. Não que eu preferisse estar agora sentado em um sofá, assistindo ao futebol e acariciando minha enorme barriga com uma lata de cerveja ao meu lado enquanto minha suposta esposa cozinha um filé com fritas na cozinha, não, prefiro mil vezes morrer entre as estrelas do que ter tido uma vida medíocre, não vou ser hipócrita só porque tenho oxigênio para algumas horas, não vou cair naquele clichê barato face a face com a morte, pois nunca desconsiderei os riscos desta profissão, ser astronauta não tem nada haver com minha abdicação do amor.

O amor é uma coisa que nos pega de surpresa, mas não é só a vontade de estar junto com o outro, não é só os prazeres do sexo e muito menos a vontade de perpetuar seu sangue... O amor é principalmente respeito... Teve uma garota por quem acho que fui apaixonado aos meus quinze anos, nunca a beijei, nunca transei com ela, mas podíamos ficar conversando por horas a fio e ambos respeitávamos os sentimentos do outro, talvez ela me amasse, por isso tentou esconder de mim que estava saindo com um cara mais velho, por outro lado talvez eu também a amasse e por isto sempre fiz de tudo para que ela nunca soubesse das garotas com quem eu saía. Acho as vezes que nem sequer desconfiávamos que o nosso amor existisse, foi uma pena, pois acabamos nos distanciando um do outro para que não nos machucássemos.

Aos vinte e dois anos pedi para minha namorada abortar uma gravidez inconseqüente, ela se negou no começo, mas acabei por convencê-la... Não pensei nela e nem no bebê... Só conseguia pensar em mim, não queria ser pai, não queria aquele bebê e principalmente não queria ter que olhar para a cara daquela garota para o resto da minha vida. Pensei durante muito tempo depois como seria a nossa vida se tivéssemos ficado com a criança, isto pesa no meu coração hoje, na hora nem me passou pela cabeça se aquilo teria algum efeito sobre mim ou não. Ela nunca mais quis me ver e o rosto dela me vem a mente nitidamente neste momento, fico imaginando se por algum momento eu a amei.

Existe um amor que passe?

É esta pergunta que me faz acreditar que eu nunca tenha amado ninguém. Talvez só tenha sentido paixão. Sorte daquele que ama, pois quando me faço esta pergunta a única resposta que me vem a mente é “não”, o amor puro e verdadeiro é aquele que perdura pelo tempo, que é infinito como este especo que me vejo vagando agora.

Estou sozinho, mas não quero pensar na solidão.

A única coisa que eu realmente gostaria de ter feito na vida é de ter amado alguém, mas acho que não consegui, espero estar errado sobre isto.

Gustavo Campello

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