quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A MÃE DESGRAÇADA E SEU FILHO FEDIDO



Vitor não entendia porque sempre que ia de ônibus até a cidade em que seus pais moravam para uma visita, alguma desgraçada com uma criança de colo tinha que sentar ao seu lado...

“Nada contra desgraçadas com crianças de colo” – pensava ele – “mas porque as crianças tinham sempre que comer algum salgadinho fedido pra cacete?”.

Vitor estava cansado disso, seu azar crônico zoava cada vez mais de sua cara sempre que entrava em um ônibus.

- Oferece pro moço! – disse a mãe desgraçada pro garoto que estava em seu colo.

- Qué? – disse a criança com a mão toda melecada e a boca cheia de farelo amarelo.

- Você ta de sacanagem, né? – Vitor disse olhando praquela cena que parecia uma comédia do Ben Stiller.

- Algum problema? – disse a mãe tomando as dores do filho

- Minha senhora – começou Vitor se contorcendo de contentamento na poltrona pela chance que ela havia dado de ele desabafar – você não deve ter mais olfato, mas este salgadinho fede... Conseqüentemente o filho da senhora também está fedendo pra caralho!

- Grosso!

- Grossa é a senhora que está obrigando outro passageiro a passar por isso... Se por acaso eu vomitar no seu filho durante a viagem não me venha com reclamações.

A mulher ficou emburrada e fechou o salgadinho fazendo o menino abrir um berreiro.

Vitor preferia muito mais o barulho de uma criança chorando do que a cena do menino comendo aquela coisa fedida sabor queijo podre.

- Devolve o salgadinho pra ele! – disse um sujeito que tomou as dores do menino e não agüentava mais o choro lá atrás do ônibus.

- Troca de lugar comigo então, filho da puta! – gritou Vitor de volta.

Desafio aceito, o senhor trocou de lugar com Vitor, que depois disso pode desfrutar de um belo cochilo durante a viagem.

Chegando ao seu destino Vitor pode perceber a cena de uma mãe e um filho andando de mãos dadas, constrangidos e vomitados.

Gustavo Campello

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