Vitor não
entendia porque sempre que ia de ônibus até a cidade em que seus pais moravam
para uma visita, alguma desgraçada com uma criança de colo tinha que sentar ao
seu lado...
“Nada
contra desgraçadas com crianças de colo” – pensava ele – “mas porque as
crianças tinham sempre que comer algum salgadinho fedido pra cacete?”.
Vitor
estava cansado disso, seu azar crônico zoava cada vez mais de sua cara sempre
que entrava em um ônibus.
- Oferece
pro moço! – disse a mãe desgraçada pro garoto que estava em seu colo.
- Qué? –
disse a criança com a mão toda melecada e a boca cheia de farelo amarelo.
- Você ta
de sacanagem, né? – Vitor disse olhando praquela cena que parecia uma comédia
do Ben Stiller.
- Algum
problema? – disse a mãe tomando as dores do filho
- Minha
senhora – começou Vitor se contorcendo de contentamento na poltrona pela chance
que ela havia dado de ele desabafar – você não deve ter mais olfato, mas este
salgadinho fede... Conseqüentemente o filho da senhora também está fedendo pra
caralho!
- Grosso!
- Grossa
é a senhora que está obrigando outro passageiro a passar por isso... Se por
acaso eu vomitar no seu filho durante a viagem não me venha com reclamações.
A mulher
ficou emburrada e fechou o salgadinho fazendo o menino abrir um berreiro.
Vitor
preferia muito mais o barulho de uma criança chorando do que a cena do menino comendo
aquela coisa fedida sabor queijo podre.
- Devolve
o salgadinho pra ele! – disse um sujeito que tomou as dores do menino e não
agüentava mais o choro lá atrás do ônibus.
- Troca
de lugar comigo então, filho da puta! – gritou Vitor de volta.
Desafio
aceito, o senhor trocou de lugar com Vitor, que depois disso pode desfrutar de
um belo cochilo durante a viagem.
Chegando
ao seu destino Vitor pode perceber a cena de uma mãe e um filho andando de mãos
dadas, constrangidos e vomitados.
Gustavo Campello
Nenhum comentário:
Postar um comentário