terça-feira, 9 de agosto de 2011

INGLATERRA EM CHAMAS



O cara da TV diz: “Mais vandalismos marcam o dia na Inglaterra”.

- Yeah!

- Está louco? – diz o pai de Vitor – Acha isto bonito?

- Acho! – diz ele – as mudanças tem que acontecer de alguma forma.

- Eles estão destruindo patrimônio privado!

- Eles estão começando por algum lugar!

- Você está louco!

- Você está pensando exatamente como a mídia quer que você pense.

- Do que você está falando?

- Toda grande mudança no mundo começou com uma onda de violência, desde a extinção dos cro-magnons pelos homo-sapiens. Está na hora do capitalismo cair.

- Você acha que este bando de delinqüentes incendiando lojas é o caminho?

- Isto é só o começo! – Vitor percebeu que seu pai não iria aceitar sua maneira de pensar, mas continuou a pensar mesmo assim – quando o capitalismo cair, provavelmente ninguém vai se lembrar deste bando de delinqüentes que começaram isto, ninguém vai lembrar exatamente como tudo começou, mas se até o império romano ou Alexandria caiu, bem... é muito óbvio que o capitalismo também vai e na minha opinião isto não vai demorar pra acontecer.

- E o que você sugere que estes caras que estão botando fogo em tudo façam?

- Que comecem a queimar bancos, as instituições financeiras são os grandes vírus que nos consomem diariamente. Quando estes banqueiros caírem, estaremos livres.

- Estaremos falidos!

Seu pai não conseguia ver o futuro que Vitor vislumbrava. E daí que os países de terceiro mundo fossem passar fome? E daí que fosse preciso que milhões morressem com a mudança? E daí que houvesse sofrimento? Tudo isto já existia, alguma coisa precisava mudar exatamente pra que essas coisas parassem.

Vitor apoiava a subversão. Vitor apoiava o fogo que queimava bem lentamente o tipo de mundo em que ele vivia e coexistia com seres que ele desprezava que não davam a mínima para o que acontecia a sua volta. Vitor queria que o mundo todo pegasse fogo com todas as pessoas que ouviam e acreditavam no que a mídia dizia. Ele realmente queria que a Inglaterra fosse para o inferno e que ela fosse só a primeira.

Gustavo Campello

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