Que a
minha família nunca bateu bem não é novidade, venho de uma linhagem de malucos,
isto nunca foi segredo, é só contar a alta taxa de suicídio ao longo do tempo.
É gente se matando a torto e a direito. O que eu não sabia é que minha tataravó
Catarina Scaglia era uma louca de carteirinha lá na Itália, oh sim, daquelas
que apontavam e diziam “Coitada, é louca”.
Sempre
penso nos meus antepassados, onde toda essa merda começou, e cada vez que eu
penso sempre vem a palavra “LOUCO” taxado em cada um deles. Imagino um tataravô
do meu tataravô dançando pelado pelas ruas de Milão e as pessoas apontando para
o seu pinto balançando e dando risadas e dizendo “Guarda Il Pazzo” e mais gargalhadas
indo em direção a ele. Normal. Família Scaglia.
Sempre
tive orgulho da minha linhagem italiana, que vem do meu pai, porém também
sempre exaltei a linhagem irlandesa da minha mãe. Não tinha como eu não ser
católico depois dessa mistura, porém também não tinha como eu não ser um
beberrão briguento do mais alto calibre sem ela.
Os
O’Donovan, nem imagino em que região viviam, mas sempre os imaginei como
responsáveis pelo meu lado mais normal. O que eu vim a descobrir agora é que a
porra dos O’Donovan da minha linhagem não passavam de uns leprosos. É isso aí!
Enquanto meus antepassados italianos se fodiam taxados de loucos, os meus
outros antepassados se fodiam mais ainda taxados de leprosos.
Que
linhagem maravilhosa!
1/2 Louco
+ 1/2 Leproso = Inteiramente Fodido
Escrevo
está crônica em homenagem aos meus antepassados malucos, mas principalmente aos
meus antepassados sem pedaços do corpo. Apesar de eu nascer com uma orelha
gigante, espero realmente que ela continue no lugar dela.
Vitor
Scaglia
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