Ele chega
tarde do trabalho e olha o apartamento vazio, sabe que está vazio porque é um
bêbado idiota, sabe que a culpa é dele e de mais ninguém. O apartamento nunca
esteve tão sujo, tão degradante e sabe que isto também é culpa dele, mas tenta
não pensar em nada.
Se olha
no espelho e não se reconhece mais, tenta se acostumar com a aparência, mas não
consegue, se acha repulsivo, seus olhos grandes, seu nariz afeminado e a boca
grande demais e seca demais. Foge do espelho para parar de se olhar com raiva
de si mesmo, quer se jogar pela janela, se imagina durante a queda e sente um
frio na barriga. Fecha a janela e se afasta assustado, suando frio.
Queria
beber alguma coisa, qualquer coisa. Queria fumar alguma coisa, qualquer coisa.
A geladeira está vazia, só restou um bolo velho do natal e já estamos no final
de fevereiro. Ele come o bolo, farelento e com um gosto azedo.
Senta no
computador pra tentar escrever alguma coisa, qualquer coisa, mas não sai mais
nada da sua cabeça, já faz um bom tempo que está assim, zerado de idéias. Olha
para o lado e vê o apito, se levanta e o leva para a cama onde fica apitando
por algum tempo, quando o afasta da boca seus olhos se enchem de lágrimas e o
apito não volta a apitar.
Gustavo
Campello
Ola,
ResponderExcluirTenho um blog literario e gostaria de saber se vc esyá interessado em ser um autor parceiro.
Seria legal resenhar seus livros.
Aguardo Resposta via e-mail: alefdallepiagge@gmail.com
o endereço do blog é adpiagge.blogspot.com
aguardo resposta.