sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O MEDO



Vitor não se sentia bem, olhava o relógio e via os minutos passarem.

TIC

TAC

Olhava para os lados e suava frio. Estava com medo.

TIC

TAC

Tentou lembrar das situações que mais o assustaram. Lembrou-se de quando tirou sangue quando era pequeno, de quando assistiu ao filme do E.T. do Spielberg, de quando se perdeu no shopping, de quebrar o braço ao cair da bicicleta, de quando brigou na escola pela primeira vez, de quando seu avô morreu, de quando Marília morreu, de quando assistiu O Iluminado, de colocar uma arma na cabeça, de vomitar sangue depois de dias bebendo, do dentista filha da puta espetando sua gengiva e do medo de perder tudo que perdeu.

TIC

TAC

O relógio não parava, pensou que podia acertá-lo com um martelo, mas o tempo ia continuar andando. Porque esse medo agora? Porque esse arrepio na espinha?

TIC

PLAF!

Pronto, o relógio tinha sido destruído, ponto para Vitor, mas o tempo continuava passando.

Vitor continuava envelhecendo, o medo continuava com ele.

Gustavo Campello

3 comentários:

  1. Acho que esse medo de envelhecer é algo que todo mundo, por mais que esconda, tem. Ótimo texto, Gustavo. Beijos, até mais.

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  2. tá ficando cada vez mais triste, cada vez melhor

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  3. Lendo este texto agora, depois de um tempo, é estranho ver que publiquei ele e que em menos de um mês fui perder meu primo, meu irmão, meu melhor amigo e que minha vida iria mudar pra sempre.

    A gente tem medo do jeito que está e não pensa que tudo pode piorar.

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