Vitor não
se sentia bem, olhava o relógio e via os minutos passarem.
TIC
TAC
Olhava
para os lados e suava frio. Estava com medo.
TIC
TAC
Tentou
lembrar das situações que mais o assustaram. Lembrou-se de quando tirou sangue
quando era pequeno, de quando assistiu ao filme do E.T. do Spielberg, de quando
se perdeu no shopping, de quebrar o braço ao cair da bicicleta, de quando
brigou na escola pela primeira vez, de quando seu avô morreu, de quando Marília
morreu, de quando assistiu O Iluminado, de colocar uma arma na cabeça, de
vomitar sangue depois de dias bebendo, do dentista filha da puta espetando sua
gengiva e do medo de perder tudo que perdeu.
TIC
TAC
O relógio
não parava, pensou que podia acertá-lo com um martelo, mas o tempo ia continuar
andando. Porque esse medo agora? Porque esse arrepio na espinha?
TIC
PLAF!
Pronto, o
relógio tinha sido destruído, ponto para Vitor, mas o tempo continuava
passando.
Vitor
continuava envelhecendo, o medo continuava com ele.
Gustavo
Campello
Acho que esse medo de envelhecer é algo que todo mundo, por mais que esconda, tem. Ótimo texto, Gustavo. Beijos, até mais.
ResponderExcluirtá ficando cada vez mais triste, cada vez melhor
ResponderExcluirLendo este texto agora, depois de um tempo, é estranho ver que publiquei ele e que em menos de um mês fui perder meu primo, meu irmão, meu melhor amigo e que minha vida iria mudar pra sempre.
ResponderExcluirA gente tem medo do jeito que está e não pensa que tudo pode piorar.