“Todos os
meus ídolos morreram de overdose” disse uma amiga de Vitor e Jorge certa vez,
estavam em um bar e era tarde da noite. Vitor e Jorge se entreolharam, pensaram
e Jorge falou:
- Os meus
estão vivos e são tudo viado!
- Um brinde
a isso – disse Vitor batendo o copo no do amigo.
Agora os
dois amigos estavam lá no Rock in Rio III para ver a atração principal, um dos
shows mais esperados durante grande parte da vida musical de Vitor. O R.E.M.
finalmente estava vindo fazer um show no Brasil.
Michael
Stipe havia assumido a homossexualidade fazia pouco tempo, entrou no palco com
uma maquiagem azul cantando Finest Worksong. Aquele show era um sonho. O
terceiro álbum que Vitor havia comprado na vida era o Monster do R.E.M., álbum
que foi escutado compulsivamente durante muito tempo, um amigo pegou emprestado
certa vez e sumiu, nunca mais viu o álbum ou o “amigo”.
Ele e Jorge
estavam próximos à grade, não sabia mais onde seu primo Giorgio e a namorada
estavam. A turnê era do álbum Up, com excelentes músicas, a primeira que eles
tocaram do novo álbum no show foi Daysleeper e emendaram em The Great Beyond, que era uma
música que gravaram para um filme com o Jim Carrey.
Michael
Stipe se aproximou da grade e a mão de Vitor passou raspando na careca dele,
quase consegue lhe acertar um tapão, por um triz. Ficou chateado pela chance
desperdiçada.
O show durou
16 músicas, finalizaram com Man on The Moon, mas não podia ter acabado, faltava
o bis. Voltaram tocando Everybody Hurts, a música mais sentimental de toda a história da música. Vitor chegava a chorar quando ouvia esta música de vez
em quando. Foi realmente emocionante ouvi-la ao vivo.
'Cause everybodyhurts
Takecomfort in yourfriends
Everybodyhurts
Don'tthrowyour hand, oh, no
Don't throw your hand
If you feel like you're alone
No, no, no, you're not alone
Seguiu-se tocando Pop Song 89 e
finalizaram com a melhor de todas: It’s The End of the World as We Know It (And
I Feel Fine). Vitor tentou decorar esta música certa vez, colocava no
repeat do discman que ficava ao lado de sua cama e dormia ouvindo ela centenas
de vezes. No ano seguinte quando reencontrou Elize chegou a conseguir cantar a
música quase sem erros, detalhe para o “quase”.
Na hora de
ir embora Vitor e Jorge erraram o ponto de encontro, que era mais pra cima.
Giorgio e Edith ficaram esperando no lugar certo um bom tempo, até que Jorge se
tocou que eles estavam no lugar errado e foram correndo encontrar o primo de
Vitor e sua namorada. Edith tinha que trabalhar no dia seguinte e estavam
atrasados para chegar até a rodoviária de ônibus. Pegaram um taxi que pagaram
uma fortuna e chegaram em tempo. Giorgio e Edith foram no andar de baixo no
ônibus que era leito, Jorge e Vitor foram em cima onde era mais barato e pros
“pobre”.
O ar
condicionado estava forte pra caralho, Vitor não se lembra de ter passado tanto
frio na vida, nem quando dormiu perto de um rio marcando menos nove graus
quando morou na Itália. Pensava em abraçar Jorge enquanto Jorge pensava em
abraçar Vitor. O frio era insuportável, sentia que uma estalactite crescia na
ponta de seu nariz. Quando saíram do ônibus agradeceu pelo calor insuportável
que fazia lá fora.
Gustavo Campello
Nenhum comentário:
Postar um comentário