Depois do
dia de São Patrício, Vitor tinha resolvido ficar um mês sem cerveja ou qualquer
outra coisa do gênero, aquilo o estava matando. No começo achou que ia ser
fácil, porém depois das 5 horas sem ingerir nada a coisa começou a ficar pesada.
“Só um gole”
– pensava – “Não vai fazer mal nenhum um único gole”.
Mas se
manteve firme durante mais algumas horas e foi dormir. No dia seguinte seu
estresse devido a abstenção era visível por todos os seus colegas de trabalho.
- Eu
gosto de azeitona chilena, são as melhores do mundo – dizia Josué, um colega de
trabalho – sabia que as azeitonas chilenas são...
-
Fodam-se as azeitonas chilenas, fodam-se todas as azeitonas – reclamou Vitor
enquanto almoçavam juntos – não tenho interesse nenhum em azeitonas, muito menos
chilenas. Vamos mudar pra um assunto mais agradável, conte aí sobre as bocetas
chilenas pra variar.
Josué se
levantou e se afastou da mesa e Vitor ficou almoçando sozinho pensando nas
bocetas chilenas.
48 horas
depois já não agüentava mais, tomou um garrafa de cerveja voltando do trabalho,
achou que ia ficar aliviado, mas ficou nervoso querendo pedir a segunda.
Levantou, pagou a conta e voltou correndo pra casa.
Estava
levando a sério esse negócio de não beber por um tempo, seu fígado iria
agradecer depois, lembrou de um trecho de Cartas na Rua onde Hank Chinaski
dizia que Fitzgerald tinha virado um escritor medíocre depois que parou de
beber.
Seria
esse o fim de Vitor Scaglia? Se transformaria num escritor medíocre como
Fitzgerald?
Aparentemente
sim, já que o conto acaba aqui, sem um fim escrito direito.
Gustavo
Campello
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