sábado, 26 de março de 2011

COPO VAZIO



Depois do dia de São Patrício, Vitor tinha resolvido ficar um mês sem cerveja ou qualquer outra coisa do gênero, aquilo o estava matando. No começo achou que ia ser fácil, porém depois das 5 horas sem ingerir nada a coisa começou a ficar pesada.

“Só um gole” – pensava – “Não vai fazer mal nenhum um único gole”.

Mas se manteve firme durante mais algumas horas e foi dormir. No dia seguinte seu estresse devido a abstenção era visível por todos os seus colegas de trabalho.

- Eu gosto de azeitona chilena, são as melhores do mundo – dizia Josué, um colega de trabalho – sabia que as azeitonas chilenas são...

- Fodam-se as azeitonas chilenas, fodam-se todas as azeitonas – reclamou Vitor enquanto almoçavam juntos – não tenho interesse nenhum em azeitonas, muito menos chilenas. Vamos mudar pra um assunto mais agradável, conte aí sobre as bocetas chilenas pra variar.

Josué se levantou e se afastou da mesa e Vitor ficou almoçando sozinho pensando nas bocetas chilenas.

48 horas depois já não agüentava mais, tomou um garrafa de cerveja voltando do trabalho, achou que ia ficar aliviado, mas ficou nervoso querendo pedir a segunda. Levantou, pagou a conta e voltou correndo pra casa.

Estava levando a sério esse negócio de não beber por um tempo, seu fígado iria agradecer depois, lembrou de um trecho de Cartas na Rua onde Hank Chinaski dizia que Fitzgerald tinha virado um escritor medíocre depois que parou de beber.

Seria esse o fim de Vitor Scaglia? Se transformaria num escritor medíocre como Fitzgerald?

Aparentemente sim, já que o conto acaba aqui, sem um fim escrito direito.

Gustavo Campello

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