Vitor
Scaglia acordou as nove da manhã, estava dormindo no carpete, fazia tempo que
isso não acontecia, acordou no chão da sala depois de beber pra esquecer seus
problemas. Um fio de baba escorria pelo seu rosto e manchava o carpete, tentou
lembrar da última vez que acordou ali e não se recordava, devia fazer uns dois
anos já.
Odiava
fazer aniversário, odiava o Natal, então esse dia era uma combinação perigosa.
Lembrava dos natais de quando era garoto, todos terminavam da mesma maneira,
ele e seu primo Giulio bebendo tequila sozinhos. Agora seu primo não estava
mais ali, seu avô não estava mais ali, se as coisas já eram sem graça imagine
agora.
Ele
levanta do chão, toma um gole da lata de cerveja que está ao seu lado, ela está
quente e choca, deve ter ficado umas seis horas ali do seu lado. Vai até o
banheiro e olha as rugas no canto dos olhos e na testa, o tempo e a bebida
definitivamente acabaram com ele, está se sentindo bem mais velho do que os
trinta anos que viveu.
Assistiu
a um filme pornô com a Ricki White, mas ao contrário do que pensava, não se
sentiu melhor. Abriu outra lata de cerveja e comeu uma pizza fria, pensou em
vomitar, mas desistiu da idéia quando chegou ao banheiro. Olhou para a caixa do
cigarro e leu “O Ministério da Saúde Adverte: Este Produto Causa Envelhecimento
Precoce da Pele.”
- Vai se
Foder – disse para a caixinha de cigarro.
- Você
pode querer se destruir, mas a verdade é que tem medo de envelhecer – eu disse.
Vitor
ficou pensando sobre isso, depois achou melhor beber cerveja e não pensar mais
sobre o assunto. Me xingou de várias coisas.
- Maldito
Aniversário! – disse ele olhando para o apartamento antes de ir para Sorocaba –
Maldito Natal! – eu disse fechando a porta.
Gustavo
Campello
Esse tipo de narrativa é bom e o texto é bom também, mas afinal quem é o Eu no texto? A caixa de cigarros ou o apartamento?
ResponderExcluirContinua escrevendo que eu to acompanhando, eras isso!
Eu nunca iria responder essa questão, mas se passou tanto tempo... só existe um personagem no texto... os diálogos, tudo... é sobre apenas uma pessoa
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