E então se
passaram 20 anos, duas décadas... um tempão! Tempo pra cacete!
Lembro que
me disseram que com o tempo ficava mais fácil, mais fácil teu cu, a dor é a
mesma, a falta é a mesma, o vazio que ficou continua ali, sem preenchimento
nenhum. O mais engraçado é que nem lembrei que era hoje, passou batido, mas
mesmo assim tinha falado dele hoje, no trabalho. Ele sempre é assunto, não
importa quanto tempo passe vai estar sempre ali, na minha memória, nos meus
assuntos, na minha vida.
Os olhos
escuros, quase pretos, difícil de distinguir as pupilas, iguais aos meus... a
semelhança física para por aí... alto, gordo, careca (to chegando lá), orelhudo
(opa, não é que a semelhança não parou por ali), aquele jeito irlandês alegre
com um copo de cerveja celebrando qualquer bobagem que a vida mandava...
Lembro-me da
sua voz e dos abraços, o que não daria hoje por um daqueles abraços? Um braço?
Uma perna? Um olho?
A gente
sobrevive à morte dos nossos, mas isso não significa que nos habituamos, que
fica mais fácil, que com o tempo a dor vai embora... ela continua ali, a gente
pode até não pensar nela, mas se pararmos pra dizer um “olá” a gente chora que
nem criancinha de novo, como se estivesse lá atrás... 20 anos!
Se eu fosse
metade do homem que ele foi... com seus enormes defeitos, com suas pisadas de
bolas, com seus arrependimentos, tristezas e aquele enorme coração que o
tornava único. Hoje consigo perceber em quantas coisas éramos diferentes e
mesmo assim continuo a amá-lo do mesmo jeito. Com seus erros e acertos, será
sempre um exemplo.
Ao longo do
meu caminho, errei como ele, acertei como ele...
Obrigado,
por tudo, mesmo.
Gustavo Campello